A crise na Nissan Argentina está começando a afetar as empresas de autopeças que abastecem a linha de produção de picapes na fábrica de Santa Isabel (ARG). A empresa Maxion Montich, fabricante dos chassis da Nissan Frontier e da Renault Alaskan, apresentou na sexta-feira passada um pedido de “Procedimento Preventivo de Crise” à Secretaria do Trabalho dessa província.
Com um total de 900 funcionários, a Maxion Montich tem cerca de 450 trabalhadores dedicados exclusivamente à produção dos chassis dessas picapes. A produção dos utilitários está atualmente paralisada na planta de Santa Isabel e os fornecedores revelaram na semana passada que foram informados do cancelamento do Projeto H60E, que correspondia ao código interno da atualização da Frontier que estava planejada para ser produzida em Córdoba.
Foto de: Motor1 Argentina
De acordo com o jornal La Voz, o “Procedimento Preventivo de Crise” é uma ferramenta legal que permitirá que a Maxion Montich aplique suspensões à sua força de trabalho, reduza as horas de trabalho, ajuste os salários, antecipe feriados, crie “bancos de horas” e abra processo de demissão voluntária (PDV), tudo com o objetivo de evitar ainda mais demissões e conflitos.
A solicitação da empresa de autopeças levou a Secretaria do Trabalho do país vizinho a convocar uma reunião para analisar a crise na Nissan. Participarão da reunião delegados do sindicato dos mecânicos e representantes das câmaras de autopeças.

Foto de: Motor1 Argentina
O maior temor dos envolvidos é que a Nissan não envie nenhum representante para a reunião. O sindicato já anunciou que, se a empresa permanecer em silêncio, anunciará greves e levará o conflito para fora da fábrica. Entre os fornecedores, por outro lado, o temor é que a Nissan rompa a cadeia de pagamentos. Algumas montadoras já pediram à empresa que pague antecipadamente pelas próximas entregas de peças, aceitando até mesmo “pagamento em espécie”, como picapes ou outros veículos.
Até o momento, a única declaração oficial da Nissan Argentina foi a seguinte: “A Nissan estuda regularmente possíveis oportunidades para otimizar suas operações de fabricação. Não anunciamos nenhuma mudança em nossos planos de produção na Argentina”.

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O plano original da fábrica de Santa Isabel era produzir três picapes com a mesma plataforma, mas a Mercedes-Benz Classe X foi cancelada antes mesmo de ser lançada, quando a montadora alemã acusou a Nissan de cobrar mais do que o esperado pela produção da picape da marca de Stuttgart.
A produção da Nissan Frontier (e de sua gêmea Alaskan) em Córdoba nunca atingiu os níveis de eficiência e competitividade de outras fábricas semelhantes, como as fábricas da Nissan no México e na Tailândia. Além disso, a picape produzida na Argentina é equipada com os padrões de emissões Euro 5, enquanto a maioria dos mercados atuais exige homologações Euro 6 (como as exportadas pelo México e pela Tailândia).
Além da crise, notícias falsas

O ruidoso silêncio da Nissan Argentina sobre a crise na fábrica de Santa Isabel desencadeou todos os tipos de versões e até mesmo notícias falsas sobre a situação da marca japonesa. Diferentes meios de comunicação publicaram esta semana que a Nissan “está fechando sua fábrica na Argentina”, o que não é correto. A fábrica de Santa Isabel é controlada pela Renault Argentina e a Nissan é uma aliada, tendo utilizado apenas um setor do centro industrial de Córdoba. O outro setor ainda está ativo: a Renault produz os modelos Kangoo, Sandero, Logan e Stepway lá, além de trabalhar no Projeto Niagara, a picape intermediária que será construída lá a partir do próximo ano.
Os relatos de que a Nissan estaria deixando a Argentina por completo inicialmente também parecem exagerados. Se a Nissan interrompesse a produção em Córdoba, como afirmam o sindicato e os fornecedores, a marca voltaria ao seu status anterior a 2018, quando era uma importadora. Isso permitiria que ela continuasse a comercializar a Frontier, que poderia ser novamente importada do México como já aconteceu no passado.
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