A crise na Nissan está longe de acabar. De acordo com o jornal Nikkei Asia, a montadora japonesa deve anunciar nos próximos dias o corte de aproximadamente 20 mil empregos no mundo inteiro, número muito maior que os 9 mil desligamentos anunciados no fim de 2024. Os cortes devem atingir cerca de 15% da força de trabalho global da empresa, ou 1 em cada 7 empregados.
A informação deve ser oficializada nesta terça-feira (13/5), quando a Nissan apresentará seus resultados do ano fiscal de 2024 (encerrado em 31 de março de 2025). Procurada pelo Motor1.com US, a marca não comentou as novas estimativas de demissões.
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Fonte: Motor1.com
Os dados financeiros revisados não são nada animadores: a empresa reduziu sua previsão de vendas para 3,35 milhões de unidades e a receita líquida para 12,6 trilhões de ienes, ou cerca de US$ 85 bilhões. O problema está nos gastos — a Nissan prevê agora um prejuízo líquido entre 700 e 750 bilhões de ienes, algo em torno de US$ 5,3 bilhões.

Ghosn acertou novamente?
A gravidade da situação parece dar razão a um velho conhecido da marca. Em entrevista recente à emissora BFM TV, o ex-CEO da Nissan e Renault, Carlos Ghosn, voltou a criticar duramente a gestão da empresa. Refugiado no Líbano desde sua fuga do Japão, Ghosn afirmou com todas as letras: “A empresa está em uma situação desesperadora.”
Ele foi além, dizendo que “havia previsto o declínio da Nissan” e que a marca está “forçada a implorar pela ajuda de um de seus maiores concorrentes no Japão”, referindo-se à Honda. As negociações entre as duas empresas para uma megafusão fracassaram e, segundo Ghosn, a Honda buscava uma “aquisição disfarçada”, transformando a Nissan em subsidiária.

Foto de: Nissan
Ainda em tom crítico, ele declarou que a empresa “se tornou medíocre e está no marasmo”, e que a aliança com a Renault hoje é “frágil e irrelevante”. Apesar das polêmicas em torno de sua figura, que incluem acusações de corrupção, uso indevido de ativos e um mandado de prisão internacional, Ghosn parece ter previsto com precisão parte do que viria a acontecer com sua antiga companhia.

Novo Kicks 2026, que já começou a ser produzido no Brasil e será lançado em breve
Foto de: Motor1.com
No Brasil e na América Latina, por outro lado, a marca tenta manter a relevância com novos produtos. Entre os destaques, estão a nova geração do Sentra, a reestilização da Frontier, que passará a ser feita no México, e o desenvolvimento de um novo SUV compacto chamado Kait, posicionado abaixo do novo Kicks, com produção nacional e exportação para mais de 20 países. A nova geração do Kicks, que concorrerá no segmento do Jeep Compass, já teve a produção iniciada no Brasil
As novidades mostram que a Nissan ainda tem fôlego, pelo menos nos mercados emergentes. Mas a pergunta que fica é: isso será suficiente para reverter a crise que até Carlos Ghosn já havia previsto?