Poucos dias após a Audi anunciar mudanças em sua meta de eletrificação total, foi a vez da Mercedes-Benz também rever seus planos. A fabricante alemã afirmou que seguirá investindo em motores a combustão, mesmo com a estratégia de ampliar sua linha de veículos elétricos nos próximos anos.
Em entrevista recente à revista Auto Motor und Sport, o CEO da marca, Ola Källenius, que a empresa está fazendo uma “correção de rota” e que a adoção mais lenta dos elétricos em alguns mercados exige uma abordagem mais flexível. Segundo o executivo, o momento é de equilíbrio entre tecnologias.
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“Acho que a abordagem mais racional hoje é seguir pelos dois caminhos. Continuaremos investindo em propulsão elétrica, mas também manteremos os motores a combustão por mais algum tempo”, explicou Källenius.
A decisão da Mercedes-Benz não significa que o mercado de veículos elétricos esteja em queda. Pelo contrário: as vendas globais seguem crescendo, ainda que em velocidades diferentes de acordo com a região.
Mesmo assim, a Agência Internacional de Energia aponta que as vendas mundiais de carros elétricos ultrapassaram 17 milhões de unidades em 2023, com expectativa de atingir 22 milhões ainda em 2025, de acordo com projeções da BloombergNEF. A China deve continuar liderando essa transição, respondendo por cerca de dois terços desse total.
Mercedes-Benz GLC 300 4MATIC AMG Line 2025
Foto de: Mercedes-Benz
Na prática, manter motores a combustão, principalmente em versões eletrificadas, como híbridos e híbridos leves, ainda é necessário para atender mercados com infraestrutura limitada para veículos 100% elétricos. Países da América Latina, Sudeste Asiático e do continente africano seguem com baixa penetração de elétricos puros, o que reforça a estratégia da Mercedes-Benz.
Na China, maior mercado da marca, as vendas caíram 7% em 2024, somando 683.600 unidades (entre elétricos e a combustão). Ainda assim, o país segue sendo a principal base de clientes. “O carro ainda é visto como uma segunda sala de estar por lá”, disse o executivo, em referência ao avanço de tecnologias embarcadas e interfaces digitais nos modelos mais recentes da marca.
Mercedes-Benz Classe E E300 2025
A decisão da Mercedes-Benz também esbarra nos limites regulatórios. A União Europeia ainda mantém o plano de proibir a venda de veículos com emissões de carbono a partir de meados da década de 2030. Não há, por enquanto, sinal de adiamento formal por parte da Comissão Europeia, o que pode forçar uma aceleração futura — mesmo que as marcas estejam hoje recuando.
Até lá, a Mercedes-Benz seguirá com uma estratégia de coexistência entre combustão e eletrificação. E, segundo Källenius, essa será a realidade para as próximas gerações de veículos da marca.
Fonte:
Auto Motor and Sport
