A reputação da alemã Audi como referência no segmento premium voltou a ser colocada em xeque após os resultados do Estudo de Qualidade Inicial (IQS) 2025 da J.D. Power, divulgado nos Estados Unidos, nos últimos dias. O levantamento, já em sua 39ª edição, ouviu 92.694 compradores e locatários de veículos do ano-modelo 2025 e mediu a quantidade de problemas relatados nos primeiros 90 dias de uso.
A média geral da indústria ficou em 192 problemas por 100 veículos (PP100), uma pequena melhora em relação ao ano anterior (194). No entanto, a Audi ficou entre as marcas com pior desempenho, registrando 269 problemas por 100 veículos, a pior colocação entre as premium e atrás de rivais diretas como BMW (194) e Mercedes-Benz (210). A Lexus, por outro lado, liderou com ampla vantagem, marcando 166 problemas, seguida por Nissan (169) e Hyundai (173).
Lexus, marca premium da Toyota, foi a que teve menor número de ocorrências
Foto de: Motor1.com
Posição | Marca | Problemas por 100 Veículos |
1 | Lexus | 166 |
2 | Nissan | 169 |
3 | Hyundai | 173 |
4 | Jaguar | 175 |
5 | Chevrolet | 178 |
6 | Honda | 179 |
7 | Dodge | 180 |
8 | Kia | 180 |
9 | Buick | 183 |
10 | Genesis | 184 |
11 | Jeep | 185 |
12 | Subaru | 187 |
13 | Porsche | 188 |
— | Média do estudo | 192 |
14 | Ford | 193 |
15 | BMW | 194 |
16 | Acura | 198 |
17 | GMC | 200 |
18 | Cadillac | 200 |
19 | Toyota | 200 |
20 | Lincoln | 206 |
21 | Land Rover | 208 |
22 | Mercedes-Benz | 210 |
23 | Chrysler | 217 |
24 | MINI | 218 |
25 | Ram | 218 |
26 | Mitsubishi | 222 |
27 | Mazda | 225 |
28 | Volkswagen | 225 |
29 | Infiniti | 242 |
30 | Volvo | 258 |
31 | Audi | 269 |
— | Tesla* | 200 (excluída) |
— | Rivian* | 274 (excluída) |
* Tesla e Rivian foram excluídas do ranking oficial por não atenderem a todos os critérios do estudo.

Mesmo com dificuldades financeiras, Nissan garantiu 2º lugar
Foto de: Nissan
O levantamento também revelou uma diferença expressiva entre marcas de volume e suas divisões premium. Enquanto a Nissan, mesmo com suas atuais dificuldades financeiras, aparece em segundo lugar geral, a Infiniti, sua marca de luxo, ficou entre as piores.
Para a Audi, o desempenho reforça críticas que já vinham surgindo nos últimos anos: acabamentos internos mais simples, plásticos rígidos em áreas antes ocupadas por peças metálicas ou cromadas ou com material sensível ao toque, e cortes de custos que vão na contramão da promessa de qualidade superior.

Audi A3 Sedan Performance Black 2025
Foto de: Motor1.com
Oscar da Silva Martins, diretor de comunicação de produto e tecnologia da Audi, admitiu em entrevista recente que a marca “já foi melhor nesse aspecto” e prometeu recuperar o padrão nos próximos lançamentos. Internamente, executivos reconhecem que detalhes como painéis de porta, console central e acabamento de porta-luvas passaram a usar materiais mais econômicos, gerando desgaste mais rápido e perda de sensação de solidez, algo que marcou a ascensão da marca nos anos 90.
A J.D. Power também apontou tendências que afetam o resultado geral: os controles de climatização por tela sensível ao toque são uma das maiores fontes de reclamações, considerados pouco intuitivos. Porta-copos que não comportam copos de tamanhos variados também foram mencionados.

Painel do Audi A3 Sportback 2.0 TFSI 2025
Foto de: Audi
Para completar, rivais como BMW, que já enfrentou problema semelhante na geração F30 do Série 3, buscam recuperar sua reputação com lançamentos mais refinados. Já a Mercedes-Benz também convive com críticas recentes de queda de qualidade, mas sem promessas claras de mudança a curto prazo.
Com a pressão de novas tecnologias, exigências de segurança cibernética e regras de emissões cada vez mais rigorosas, montadoras precisam equilibrar custos sem abrir mão de atributos que justificam o preço premium. Para a Audi, o desafio agora é voltar a fazer do seu acabamento um diferencial – e não seu maior ponto fraco.