Em situação financeira complicada e após uma tentativa frustrada de fusão com sua conterrânea Honda, a japonesa Nissan vem fazendo o que pode para se recuperar e voltar a ter caixa. Entre seus planos, estão o fechamento de fábricas, a paralisação de novos modelos e, segundo os últimos rumores, até mesmo pedidos de adiamento de pagamentos a fornecedores para tentar tapar buracos financeiros.
Quem indica isso é a agência Reuters, que relata ter tido acesso a e-mails nos quais a Nissan pergunta a alguns de seus fornecedores na Europa e no Reino Unido se aceitariam receber pagamentos atrasados para liberar parte do dinheiro necessário.
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Fonte: Motor1.com
Essa não é uma medida incomum para uma montadora, e a Nissan disse à Reuters que está oferecendo aos fornecedores a opção de receber os pagamentos imediatamente ou em uma data posterior, com juros. Se o fornecedor decidir receber o pagamento em dia, o banco HSBC paga ao fornecedor e, em seguida, a Nissan o reembolsa com juros em uma data futura.
A medida é a mais recente dentro da política de corte de custos adotada pelo novo CEO, Carlos Espinosa, que assumiu o posto em abril e tem como meta declarada atingir US$ 3,4 bilhões em cortes nos próximos dois anos. No último ano fiscal, a Nissan registrou um prejuízo de US$ 4,5 bilhões.

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Fonte: Motor1 Brasil
O objetivo de atrasar os pagamentos a fornecedores no Reino Unido e na Europa poderia ajudar a liberar cerca de US$ 69 milhões em caixa. No total, a Nissan tem cerca de US$ 15 bilhões disponíveis, mas quase US$ 5 bilhões em dívidas a vencer. A montadora também considera vender sua sede em Yokohama, avaliada em US$ 700 milhões, possivelmente alugando o espaço de volta do comprador.
Enquanto isso, a Nissan segue avançando com novos produtos. Recentemente, lançou no Brasil a nova geração do SUV Kicks, mantendo a geração anterior com o sobrenome Play, focada em melhor custo-benefício. Para o futuro, há ainda o compacto Kait, descoberto pelo Motor1.com Brasil e já flagrado rodando pelo país, além da renovação do sedã Sentra.

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Ainda assim, a situação é preocupante. O comunicado de imprensa do plano “Re:Nissan”, anunciado por Espinosa logo nos primeiros dias sob o comando do grupo, menciona a palavra “custo” 17 vezes, em um documento que nem é tão longo assim. Os esforços para lançar novos modelos no mercado e, ao mesmo tempo, cortar despesas, incluem uma maior dependência da aliança com Renault e Mitsubishi.
A Honda continua fazendo parte da estratégia, mas apenas como parceira no desenvolvimento de modelos e tecnologias eletrificadas. Não há planos para retomar as negociações de fusão. Todas essas iniciativas estão reunidas sob a bandeira “Re:Nissan”, que a empresa descreve com sinceridade como um plano de recuperação.