Assim como no Brasil, a Citroën não vive um bom momento com sua linha C-Cubed — composta por C3, Aircross e Basalt — no mercado indiano. Por lá, o modelo nasceu com a mesma proposta do vendido no nosso país, apostando no custo-benefício, mas não caiu nas graças do público.
Chamado de C3X, o novo topo de linha faz parte da estratégia “2.0” da Citroën na Índia, que também envolverá os SUVs Aircross e Basalt em breve. Posiciona-se como uma opção mais refinada para tentar recuperar as vendas na região.
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Fonte: Citroën
As operações da marca seguem em escala reduzida, com cerca de 7.500 unidades vendidas ao longo de 2024. Para efeito de comparação, mesmo fabricantes de menor presença, como Nissan Índia, Skoda Índia e Renault Índia, registraram volumes bem superiores no mesmo período, com aproximadamente 29 mil, 35 mil e 42 mil carros, respectivamente.
Esta nova opção não é uma renovação completa nem uma nova derivação, mas sim um reposicionamento do modelo. O visual mantém a base de hatch com cara de SUV, ganhou maior altura do solo, molduras de para-lamas mais largas e skid plates mais pronunciados. A iluminação agora é full LED. No conjunto, lembra bastante o espírito do C3 XTR de primeira geração.

Após vexame em crash test, C3 indiano adotou seis airbags
Foto de: Stellantis
Segurança melhorou
Assim como no Brasil, o C3 vendido na Índia já foi alvo de críticas por seu desempenho em testes de colisão. Em 2024, a versão elétrica eC3 recebeu nota zero no Global NCAP, repetindo o resultado do C3 a combustão avaliado pelo Latin NCAP em 2023.
No caso indiano, a ausência de controle de estabilidade, ancoragem ISOFIX e airbags laterais impediu a realização do teste de impacto contra poste e limitou a pontuação para crianças a apenas uma estrela. Já o modelo brasileiro, mesmo equipado com controle de estabilidade, também não pôde passar pela prova contra poste pela falta de airbags laterais e apresentou risco de abertura de portas no impacto lateral.

Interior do novo C3X indiano
Foto de: Stellantis
Interior mais refinado
Por dentro, as mudanças do C3X são mais visíveis. Como forma de corrigir as críticas em relação ao acabamento, a versão de topo Shine adota painel com revestimento em couro na parte superior, além de partida por botão, ar-condicionado digital, seis airbags, limitador de velocidade, retrovisor interno eletrocrômico e retrovisores externos retráteis.
O painel de instrumentos também mudou: agora é o mesmo do Basalt, totalmente digital, colorido e com conta-giros integrado. Há ainda câmera 360 graus e o multimídia Citroën Connect, que mantém tela de 10 polegadas e conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay.

Volante do C3 indiano posui limitador de velocidade, enquanto painel é digital com RPM
Foto de: Stellantis

Ar-condicionado é digital nas versões de topo do C3 indiano
Foto de: Stellantis
Sob o capô, a Índia manteve as duas motorizações conhecidas por lá: o 1.2 aspirado de 82 cv e o 1.2 turbo de 110 cv, que pode vir com câmbio manual ou automático de seis marchas. Na configuração turbo, o C3X acelera de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos e promete até 19,3 km/l no ciclo local ARAI.
É um desempenho inferior ao do 1.0 turbo T200 usado no Brasil pela versão de topo YOU!, que entrega 130 cv e 20,4 kgfm com etanol, acoplado a um câmbio CVT com sete marchas simuladas. Esse conjunto leva o hatch nacional de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos. As primeiras unidades do C3 indiano, já com o novo nome, chegam às concessionárias do país até o fim de agosto.

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Fonte: Citroën
Modelo também patina no Brasil
No Brasil, a geração atual do C3 também não conseguiu grande espaço no mercado. Desde o lançamento, em agosto de 2022, começou com média de 2.671 unidades mensais, caiu para 2.215 em 2023, recuou para 1.757 em 2024 e, até julho de 2025, soma apenas 1.057 unidades por mês. É um desempenho muito distante dos líderes da categoria.
Trazer parte das melhorias do C3X para cá poderia ajudar a recuperar a imagem do hatch, agradando antigos clientes que acharam o novo modelo simples demais e fortalecendo a disputa com rivais mais modernos.