Nem só de Ford vivia “O Chefe”. Nos anos 1980, Ayrton Senna dava seus primeiros passos na Fórmula 1 com a azarada Toleman, equipe que costumava ficar longe dos pódios. Sua chegada mudou a história do time, com resultados inéditos como o 2º lugar no GP de Mônaco de 1984, em uma das corridas mais memoráveis da categoria.
Foi também nesse período que o jovem piloto recebeu um convite especial da Mercedes-Benz para participar de uma corrida comemorativa no recém-reformado circuito de Nürburgring (ALE). O evento reuniu 20 grandes nomes do automobilismo, entre eles Niki Lauda, Carlos Reutemann e Alain Prost, que anos depois se tornaria seu maior rival. Todos disputavam a prova com o novo 190 E 2.3-16, preparado em configuração de corrida.
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Fonte: RM Sotheby’s
Em condições chuvosas, Senna largou em terceiro e surpreendeu ao superar Lauda e Prost, conduzindo o sedã prateado até a vitória. O feito diante de um grid tão estrelado marcou não apenas o público, mas também o próprio brasileiro, que decidiu encomendar um exemplar do carro para uso pessoal.
Senna gostou tanto do carro que encomendou um exemplar só seu em 1985, e é justamente este modelo que será a estrela do próximo leilão da RM Sotheby’s em Londres (ING), em 1º de novembro, com estimativa de arrecadar entre 255.000 e 290.000 euros (cerca de R$ 1,61 milhão a R$ 1,83 milhão) no bater do martelo.

Lewis Hamilton posa ao lado do Mercedes 190 E na véspera do GP da Austrália de 2016
Foto a: RM Sotheby’s
Senna retirou o carro em Stuttgart, na Alemanha, ao lado do compatriota Maurício Gugelmin, e o levou para sua casa em Esher, na Inglaterra. O sedã, pintado em prata e com interior em couro preto, vem acompanhado de toda a documentação original, incluindo nota fiscal de fábrica, registro e recibos de impostos em seu nome.
O modelo permaneceu com Senna por cerca de dois anos e rodou menos de 45.000 km. Em 1987, quando o piloto se mudou para Mônaco e assinou contrato com a McLaren, decidiu vender o carro. Depois, o 190 passou por outros proprietários até chegar ao atual dono em 1996, que o levou para a Austrália em 2004.

Mercedes 190 E (1985), a traseira em três quartos
Foto a: RM Sotheby’s

Mercedes 190 E (1985), o interior
Foto a: RM Sotheby’s
Hoje, com pouco menos de 250.000 km, o Mercedes-Benz mantém detalhes únicos, como a assinatura de Niki Lauda no compartimento do motor, feita durante o GP da Austrália de 2016. Também acompanha kit de ferramentas, sistema de som Becker Mexico, extintor de incêndio original e até um kit de primeiros socorros que nunca foi aberto. Para fãs e colecionadores, é uma oportunidade rara: ter na garagem não apenas uma Mercedes-Benz, mas um carro importante na história de Ayrton Senna.