Houve um tempo em que os cupês de duas portas com tração dianteira eram presença quase obrigatória nas linhas das grandes montadoras. No Brasil, o exemplo mais marcante foi o Mitsubishi Eclipse, que ganhou fama nos anos 1990 e se tornou objeto de desejo entre os esportivos da época.
Mas mesmo em mercados onde essa carroceria era comum, como os Estados Unidos, as opções foram desaparecendo aos poucos. Marcas como Toyota, Nissan, Ford, Chevrolet e Dodge deixaram os cupês de lado em favor de produtos mais rentáveis, como SUVs. Até mesmo a Honda, uma das últimas a manter viva essa tradição, aposentou os Accord e Civic cupês há alguns anos.
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Fonte: Honda
Agora, no entanto, a japonesa decide remar contra a maré. Enquanto a maioria dos rivais se afasta, a Honda aposta em manter viva a proposta dos cupês de tração dianteira. É nesse cenário que surge o novo Prelude de sexta geração, que chega à produção oficial após mais de um ano de teasers e protótipos. O primeiro conceito foi mostrado no Japão e, finalmente, o retorno de um nome clássico da marca está prestes a se concretizar.

Foto de: Honda
Motor híbrido, suspensão de Type R
As cinco primeiras gerações do Prelude podiam ser vistas como versões mais ousadas do Accord, mas este novo modelo segue outro caminho. Ele nasce como um cupê híbrido baseado no Civic, utilizando o mesmo sistema de dois motores elétricos que entrega 200 cv de potência e dispensa uma transmissão convencional. A plataforma também é compartilhada com o Civic, mas com temperos exclusivos.
Entre esses diferenciais está a suspensão dianteira de duplo eixo, a mesma do Civic Type R. A escolha promete reduzir a tendência de torque por esterçamento quando os 43,8 kgfm de torque chegam às rodas dianteiras. Além disso, os bancos esportivos têm desenho e materiais superiores aos do Civic comum, reforçando a ideia de um carro voltado ao entusiasta.

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Outro destaque é o S+ Shift, sistema que simula trocas de marcha em um conjunto que, por natureza, não tem engrenagens (CVT). Como a Honda tem tradição em câmbios manuais, a solução foi criar marchas virtuais controladas por paddle shifters, oferecendo uma experiência mais envolvente ao volante.
A cabine traz a central multimídia de 9″ com Google integrado, Apple CarPlay e Android Auto sem fio. O pacote de segurança ativa Honda Sensing é completo, com piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa e frenagem autônoma. O sistema de som Bose é item de série, reforçando o foco no conforto.
As rodas originais são de 19″ em acabamento Berlina Black, mas haverá opções assinadas pela divisão Honda Performance Development (HPD). O estilo externo ganha ainda mais apelo com spoiler e acessórios opcionais, que aproximam o visual do universo esportivo.

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Por dentro, um Civic mais sofisticado
Na prática, o Prelude é um 2+2. A Honda anuncia espaço razoável para pernas no banco traseiro, de 81 centímetros, mas a altura limitada compromete a habitabilidade para adultos mais altos. Com 1,80 m de altura, por exemplo, é possível acomodar as pernas atrás do banco do motorista sem dificuldade, mas a cabeça encosta na coluna C e no vidro traseiro, tornando desconfortável qualquer trajeto mais longo.
Por outro lado, o porta-malas com abertura ampla aumenta bastante a versatilidade. É possível transportar cargas volumosas, como malas maiores ou até mesmo uma bicicleta com a roda dianteira removida. Para duas pessoas em uma viagem longa, a proposta de grand tourer parece viável, conciliando esportividade e um nível razoável de praticidade.

Foto de: Honda

Foto de: Honda
Ainda sem preços confirmados, o cupê deve chegar às concessionárias no fim do outono no hemisfério norte. A Honda pretende oferecer uma alternativa esportiva mais envolvente que o Civic, sem abrir mão da eficiência e confiabilidade de um híbrido. Para um segmento que parecia extinto, o Prelude tenta escrever um novo capítulo.