A pronúncia é como a palavra Power em inglês (páuêr). Mas essa não é a única confusão que a GWM Poer P30 está arranjando. A picape média está chegando agora ao mercado brasileiro com preços muito agressivos, uma garantia que é rivalizada apenas pela Toyota, capacidade a par das rivais e um acabamento de versão topo de linha por valor de versão de entrada. A bagunça está pronta.
E tem mais: a Poer P30 será o próximo produto nacionalizado da GWM no Brasil. Logo após os primeiros Haval H6 nacionais começarem a sair de Iracemápolis (SP), será a vez da picape chegar, o que deve ocorrer ainda em 2025. Hoje (10/9), a GWM dá início às vendas em pré-reserva com condições especiais. Após 20/9, os valores aumentam.
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Fonte: GWM
O modelo chega com motor 2.4 turbo diesel de 184 cv e 48,9 kgfm de torque, sempre aliado à transmissão automática de 9 marchas desenvolvida e construída pela própria marca e ao sistema de tração 4×4. Segundo dados do Inmetro, a picape registra consumo de 9,5 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada, com autonomia superior a 800 km. A GWM declara que a aceleração de 0 a 100 km/h se dá em 11,2 segundos.
O modelo será oferecido em duas versões: Trail e Exclusive. Em qualquer uma das configurações, a Poer P30 se destaca pela garantia de fábrica de 10 anos. Hoje, apenas a Toyota Hilux entre as rivais diretas tem uma garantia de igual período, mas, ainda assim, ela tem 5 anos e é renovada anualmente até os 10 anos.

GWM Poer P30 é lançada no Brasil
Foto de: GWM
A versão Trail traz bancos em couro ecológico, multimídia com tela de 14,6”, seis airbags, rodas de 18” e caçamba com 1.248 litros de capacidade e tampa com abertura amortecida e travamento elétrico. O conjunto é complementado por suspensão dianteira independente de braços duplos e eixo rígido com feixes de mola na traseira.
Já a Exclusive tem proposta mais voltada ao conforto e sofisticação, trazendo bancos em couro legítimo com ventilação e aquecimento, ajuste elétrico para os bancos dianteiros, painel com acabamento soft touch, iluminação ambiente, além de um pacote avançado de assistências à condução (ADAS). Entre os recursos estão piloto automático adaptativo, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência e manutenção de faixa.

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Foto de: GWM
Em termos dimensionais, a Poer P30 mede 5.416 mm de comprimento, 1.947 mm de largura, 1.886 mm de altura e 3.230 mm metros de entre-eixos. A caçamba leva 1.248 litros, tendo medidas de 1.520 mm de comprimento, 1.520 mm de largura e 540 litros de altura. A carga útil é de 1.018 kg na versão Trail com rodas de 18″ e de 1.010 kg na Exclusive com rodas de 19″. Para reboque, a picape pode puxar até 750 kg (sem freio) ou 3.100 kg (com freio).
Visualmente, a Poer P30 traz faróis Full LED com projetores e piscas dinâmicos, além de grade frontal larga. No interior, ambas as versões contam com painel digital, central multimídia compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e carregador por indução de 50 Watts, além de sistema de som premium. A picape também oferece três pontos de energia 12V, distribuídos na cabine e na caçamba, acionados por botões no console central.

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Foto de: GWM
Para quem fizer uso fora-de-estrada, ambas as configurações saem de fábrica com tração 4×4 convencional, com caixa de redução divorciada. Elas ainda contam com bloqueio do diferencial traseiro. O ângulo de ataque é de 27º, o de saída é de 25º e o de rampa é de 21,1º. A altura mínima do solo é de 227 mm, enquanto a capacidade de imersão é de 500 mm.
Aos interessados, a GWM Poer P30 Trail está saindo por R$ 220 mil entre 10/9 e 20/9, valor que sobe para R$ 240 mil após este período. Da mesma forma, a Poer P30 Exclusive custa R$ 240 mil nos primeiro 10 dias, ou R$ 260 mil posteriormente. Para comparação, a versão mais barata está em linha com uma Ford Ranger XL 2.0 4×4 manual (R$ 238.900), enquanto a mais cara é mais barata que uma Toyota Hilux Cabine Dupla STD Power Pack 4×4 manual (R$ 278.790).

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Foto de: GWM
Contato no chão
Para conhecer a nova GWM Poer P30, o Motor1.com Brasil foi até São Francisco de Paula, no interior gaúcho. Quão interior? Quase 3 horas de estrada desde a capital Porto Alegre, sendo que uma hora foi apenas de estrada de chão para o terror dos motoristas de microônibus que levavam os jornalistas.
A reação deles já mostrava que a GWM não queria esconder nada sobre a Poer. O piso em que andaríamos era chão batido, esburacado e com muitas pedras expostas. Teve até travessia nos arredores da Barragem do Blang (sim, esse nome é real, pode procurar).

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Foto de: GWM
Desde a apresentação, antes mesmo de vermos a picape, a GWM foi sempre muito honesta sobre o produto que estava mostrando. Admitiu que a Poer P30 não era a picape média mais potente, nem a que tinha maior capacidade de carga. Segundo a empresa, o objetivo era entregar um bom custo-beneficio no geral, sem ter um “ás na manga” contra as rivais.
Achei até humilde, porque a lista de equipamentos da Poer P30 mais básica já daria sufoco em picapes hoje que beiram os R$ 400 mil, ainda que o desempenho do 2.4 da GWM esteja mais parelho com versões de entrada que, ainda assim, estão perigosamente encostando nos R$ 300 mil.

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Foto de: GWM
Na hora de ver a picape, esse tema se manteve. A Poer P30 não é exagerada nas linhas e lembra algumas picapes que a Toyota vendia nos EUA até pouco tempo atrás, especialmente a Tacoma. O susto mesmo veio na cabine. Nosso breve contato foi com a versão Exclusive, mais completa, e ela já agrada logo de cara com uma cabine mais próxima a de um Haval H6 ou de um Tank 300. Grandes telas, acabamento em couro no painel e macio ao toque nas portas da frente deixaram uma boa impressão.
Infelizmente, o contato foi apenas na má conservada estrada de chão. Aí não tem jeito, picape trepida como se tivesse suspensão para levar carga. Se teve trepidação, o que não teve foi barulho. Mesmo nos trechos mais castigados, a Poer P30 não transmitiu ruídos de peças se movendo, ou de acabamentos soltos.

GWM Poer P30 é lançada no Brasil
Foto de: GWM
Da parte mecânica, a GWM fez o que pôde com o 2.4 turbodiesel, mas a Poer leva um tempo para encher a turbina e depois deslancha. Aqui fica um elogio para a transmissão de 9 marchas da GWM. Algumas marcas reduzem o tempo para o motor encher deixando o câmbio hiperativo, trocando constantemente de marchas. Na Poer nada disso: usa-se o torque e tem-se parcimônia nas reduções. Sem engasgos ou cabeçadas, é um câmbio que rivaliza com qualquer sistemista ou montadora topo de linha na categoria.
Se por nada, o sufoco na terra me mostrou duas coisas: o sufoco que as rivais vão passar para competir e que eu quer andar com a Poer P30 no asfalto também.