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por dentro da revolucionária macchina de mais de 1.000 cv

Ainda não sabemos como ela é por fora, nem mesmo o nome foi revelado, mas a primeira Ferrari elétrica — chamada provisoriamente de Ferrari Elettrica, com dois “tt”, à italiana — já teve todos os seus segredos técnicos desvendados. A marca de Maranello abriu o capô (por assim dizer) de seu primeiro hipercarro a bateria. Essa macchina certamente dividirá opiniões entre puristas e entusiastas.

A Ferrari iniciou a primeira fase de apresentação de seu modelo 100% elétrico, revelando em detalhes mecânica e engenharia: são quatro motores elétricos com potência total de 1.128 cv, tração integral, bateria estrutural, subchassi traseiro elástico e cabine para quatro ocupantes.

No início do próximo ano conheceremos o interior desse impressionante GT elétrico (que poderá até se chamar Ferrari Elettrica definitivamente). Seu desenho externo será mostrado até a primeira metade de 2026. Por ora, já dá para sonhar conhecendo os segredos dessa (eletro)mecânica de primeira classe.

Chassi sem as limitações de um motor a combustão

Mesmo sem conhecer seu design, é possível imaginar a Elettrica como um Gran Turismo elegante e de zero emissões locais, com posição de condução avançada e espaço traseiro para pelo menos dois passageiros. Em outras palavras, uma Ferrari quatro lugares elétrica, esportiva e luxuosa, pronta para desafiar Porsche Taycan, Tesla Model S Plaid, Lotus Emeya, Lucid Air, e também rivais de perfil distinto, como Rolls-Royce Spectre, Maserati GranTurismo Folgore e o surpreendente Xiaomi SU7.

O projeto se baseia em um chassi de entre-eixos curto, com 2,96 metros (próximo aos 3,02 m da Purosangue), inspirado nas berlinettas de motor central-traseiro — agora sem as restrições mecânicas de um motor a combustão. O resultado é um carro de balanços reduzidos, posição de condução avançada e centro de gravidade 8 cm mais baixo que o de um modelo equivalente a combustão. A Ferrari afirma que isso melhora o acesso e o conforto a bordo, com uma pegada mais próxima de seus modelos Gran Turismo.

Para ver a Ferrari Elettrica sem disfarces, será preciso esperar mais alguns meses. Pelas fotos de protótipos em testes, as proporções sugerem algo semelhante à Purosangue, porém mais compacto e rebaixado, com cerca de 4,9 metros de comprimento e um toque crossover. Suas linhas vêm sendo atribuídas ao britânico Jony Ive, ex-designer da Apple.



Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Foto de: Ferrari

Subchassi elástico

O segredo está na bateria estrutural, integrada ao chassi do veículo — o que contribui para a rigidez da carroceria. Ela fica posicionada 85% sob o assoalho e 15% sob os bancos traseiros, garantindo distribuição de peso ideal: 47% na frente e 53% atrás.

O conjunto é formado por 15 módulos de 14 células (total de 210 células), fixado ao chassi em 20 pontos de ancoragem. A estrutura protege contra impactos laterais e verticais e conta com refrigeração líquida. A bateria tem capacidade bruta de 122 kWh e tensão máxima de 880 volts, permitindo recarga DC de até 350 kW.

Outro destaque técnico é o subchassi traseiro elástico, uma solução inédita na Ferrari. Em vez de um chassi auxiliar totalmente rígido, essa estrutura com pontos de flexibilidade reduz significativamente o ruído percebido e melhora o conforto, com aumento mínimo de peso.

O subchassi (ou berço) é uma estrutura que fixa componentes como suspensão, diferencial ou eixo traseiro, ajudando a isolar vibrações e ruídos da carroceria. O termo “elástico” indica que ele é montado com pontos de fixação flexíveis — normalmente buchas de elastômero ou zonas projetadas para deformação controlada — permitindo pequenos movimentos relativos em certas direções. Essa solução melhora conforto e isolamento acústico ao absorver parte das vibrações e impactos vindos da pista.

Em carros esportivos, o subchassi elástico também favorece a aderência e o comportamento dinâmico, permitindo que a suspensão trabalhe com mais liberdade, sem transmitir forças bruscas à carroceria. Nos modelos elétricos, esse tipo de montagem ajuda a ajustar o equilíbrio do conjunto traseiro, compensando o peso adicional das baterias e mantendo o carro confortável e estável — essencial em veículos que, por natureza, têm rigidez estrutural maior que a dos carros a combustão.

BMW e Mercedes-Benz utilizam soluções semelhantes em vários modelos para equilibrar conforto e precisão, enquanto a Porsche aplica versões parcialmente elásticas no 911 e no Taycan para refinar a dinâmica sem comprometer a estabilidade.



Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Foto de: Ferrari

Quatro motores elétricos, tração integral ou apenas traseira

A Ferrari adotou quatro motores elétricos — dois no eixo dianteiro e dois no traseiro — cada um com transmissão e inversor integrados. Essa configuração permite controle individual da tração e do torque em cada roda, garantindo performance e estabilidade superiores.

O eixo dianteiro gera 285 cv (210 kW) e 28,5 kgfm, enquanto o traseiro entrega 843 cv (620 kW) e 72,4 kgfm, totalizando mais de 1.000 cv em modo “boost”. A força total combinada pode atingir 101 kgfm de torque no motor e valores bem maiores nas rodas.

O eixo dianteiro pode ser desligado a qualquer velocidade, transformando o carro em tração traseira pura — por exemplo, em modo de cruzeiro na estrada, selecionado via eManettino. O sistema reativa automaticamente a tração integral conforme necessário.

Embora não haja transmissão tradicional, a Ferrari equipou o modelo com aletas no volante que controlam cinco níveis distintos de torque e potência, simulando trocas de marcha. O sistema, chamado Torque Shift Engagement, é acionado pela aleta direita, modulando aceleração e resposta de forma mais envolvente.

A aleta esquerda regula a frenagem regenerativa, permitindo ajustar o “freio motor elétrico” e dando à condução um caráter mais dinâmico, simulando câmbio convencional. As suspensões ativas são uma evolução das usadas na Purosangue e no protótipo F80, visando maior conforto e precisão.



Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Foto de: Ferrari

Música de superesportivo elétrico

No volante, há dois comandos distintos: o tradicional Manettino (seletor giratório usado desde o F430, em 2004), à direita, ajusta os controles dinâmicos nos modos Ice, Wet, Dry, Sport e ESC-Off. Já o novo eManettino, à esquerda, regula potência entregue, eixos ativos (RWD ou AWD) e níveis de desempenho, com modos Range, Tour e Performance.

Em vez de imitar o som de um motor a combustão, a Ferrari optou por amplificar as frequências naturais do powertrain elétrico traseiro. Um sensor transforma as vibrações do eixo em sinais amplificados, como num captador de guitarra, produzindo um som genuíno e envolvente.

Essa sonoridade se manifesta apenas quando o motorista acelera, exige torque ou usa as aletas, enquanto em ritmo de cruzeiro o silêncio predomina, elevando o conforto e reforçando o caráter elétrico dessa Ferrari.

Para impulsionar essa revolução, a marca está ajustando sua produção à era elétrica. Em julho de 2024, inaugurou o “e-building”, uma fábrica de 42.000 m² em Maranello, totalmente automatizada e digitalizada, chamada Ferrari 4.0. O comendador certamente estranharia esse ambiente asséptico, sem graxa nem ruídos.



Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Oficina técnica da Ferrari Elettrica

Foto de: Ferrari

Ferrari Elettrica — o que já se sabe:

  • Capacidade bruta da bateria: 122 kWh
  • Tensão do sistema: 880 V
  • Recarga DC máxima: 350 kW
  • Motores: 4
  • Potência / torque: >1.000 cv / 990 Nm (estimado)
  • Tração: Integral
  • Transmissão: Monomarcha
  • Velocidade máxima: 310 km/h
  • 0–100 km/h: 2,5 s
  • Autonomia: >530 km

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