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Por que há uma nova crise de semicondutores acontecendo?

A indústria automotiva europeia volta a enfrentar o fantasma da escassez de semicondutores. Um impasse diplomático entre a Holanda e a China pôs em xeque o fornecimento global de componentes produzidos pela Nexperia, fabricante sino-holandesa com papel estratégico na cadeia de eletrônicos usados em praticamente todos os veículos modernos.

O caso começou no fim de setembro, quando o governo holandês decidiu tomar temporariamente o controle da Nexperia, companhia sediada nos Países Baixos, mas de propriedade da chinesa Wingtech Technology.

A ação não foi uma estatização formal, mas uma tutela amparada pela Lei de Disponibilidade de Bens (Wet Beschikbaarheid Goederen). Pela legislação de segurança nacional, o Estado passa a ter autoridade para bloquear ou reverter decisões estratégicas da empresa classificadas como “prejudiciais aos interesses nacionais”. A justificativa foi proteger o “conhecimento tecnológico e a capacidade industrial” da Holanda e da Europa diante do avanço estrangeiro em setores estratégicos.

A maior parte dos componentes da Nexperia é produzida na Europa, mas estima-se que 80% da produção precisa passar pela China para empacotamento e testes finais antes de chegar aos clientes. Em reação imediata à intervenção holandesa, as autoridades chinesas impuseram restrições ou suspenderam as exportações desses produtos, que ficaram retidos, gerando risco imediato de desabastecimento para as fabricantes de automóveis europeias.

O impasse geopolítico se agrava, sem solução imediata à vista. A saída dependerá de negociações diplomáticas, iniciadas nesta semana com um telefonema entre os ministros da Economia e do Comércio dos dois países.



Nexperia - transistor MOSFET de potência

Nexperia – transistor MOSFET de potência

Foto de: Divulgação

“Chips discretos”

A Nexperia é uma das líderes globais na produção dos chamados “chips discretos” — semicondutores simples, como diodos e transistores, que executam funções básicas dentro de um circuito, em vez de reunir várias delas em um único chip integrado. Não são componentes complexos, mas são essenciais para que todos os sistemas eletrônicos de um carro moderno funcionem corretamente.

Transistores, diodos e reguladores de tensão controlam a energia elétrica, ativam sistemas e protegem os circuitos contra sobrecargas. Estão presentes em módulos de injeção, ABS, controle de estabilidade, faróis, sensores e até nas entradas USB. Sem esses pequenos componentes, nenhum sistema eletrônico funciona, e uma linha de produção inteira pode ser paralisada.

Há outras empresas que fornecem esses semicondutores, como Vishay, ON Semiconductor, Infineon, STMicroelectronics e Toshiba, mas poucas conseguem combinar volume, rapidez e confiabilidade como a Nexperia. Por isso, a companhia é considerada essencial em muitos contratos estratégicos da indústria automotiva europeia.

As fabricantes de automóveis reagiram de imediato. A Mercedes-Benz afirmou ter garantido o abastecimento no curto prazo graças a parcerias e processos de gestão, mas alertou que a situação é “complexa”. BMW e Volkswagen também ativaram planos de contingência e estão mapeando riscos junto a fornecedores. A Renault criou uma unidade de monitoramento dedicada ao tema e mantém contato diário com seus parceiros para evitar interrupções. Todas confirmam que, por ora, a produção segue seu ritmo normal — mas o clima é de apreensão.



pacote de semicondutor

Foto de: Divulgação

A associação das fabricantes alemãs (VDA) emitiu um alerta: se o fornecimento dos dispositivos da Nexperia não for retomado rapidamente, há risco de “restrições consideráveis” e até paralisações de fábricas na Europa nas próximas semanas. O setor já vive sob pressão de outras tensões comerciais, como tarifas norte-americanas, escassez de terras raras e disputas por matérias-primas críticas.

No Brasil, podem surgir efeitos indiretos: fábricas dependem de componentes importados, e atrasos nas matrizes europeias podem gerar gargalos ou suspensões temporárias de produção. Por ora, as fabricantes instaladas no país acompanham a situação, torcendo para que uma nova “crise dos chips” não volte a travar a produção global.

A situação traz lembranças recentes. Entre 2020 e 2022, a crise global dos semicondutores paralisou montadoras em todo o mundo e deixou concessionárias sem carros para vender. Desde então, a indústria investiu em diversificação de fornecedores e regionalização da produção, mas a dependência de componentes básicos continua sendo um ponto vulnerável.

Das origines à intervenção

A Nexperia nasceu da antiga divisão de semicondutores da Philips, cuja produção começou nos anos 1950 em fábricas na Holanda e na Alemanha. Em 2006, essa divisão foi vendida e transformada na NXP Semiconductors. Mais tarde, a NXP decidiu concentrar suas operações em chips complexos — e a unidade responsável por componentes básicos (como diodos e transistores) foi repassada a investidores chineses, sendo rebatizada de Nexperia.

Em 2018, a Nexperia foi comprada pela Wingtech Technology, um grupo chinês com participação estatal, tornando-se uma fornecedora estratégica de semicondutores discretos para a indústria automotiva. Sua sede foi mantida em Nijmegen, na Holanda.

Nos últimos anos, porém, a Nexperia esteve envolvida em polêmicas: teve chips encontrados em armamentos russos e sofreu um ataque cibernético em 2024, com vazamento de informações sigilosas. Em 30 de setembro de 2025, o governo holandês interveio “para proteger a autonomia tecnológica do país”, alegando riscos para setores como o automotivo e de defesa.

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