Já faz algum tempo que a moda na indústria automotiva é adotar o mínimo possível de botões na cabine de seus modelos. E não importa a nacionalidade – seja norte-americana, europeia ou chinesa -, a regra da vez é o minimalismo.
Mas há quem não concorde com essa nova tendência. É o caso do Euro NCAP, o órgão de segurança responsável por testar a maioria dos carros novos oferecidos no mercado. Na próxima atualização de seus protocolos, marcada para 2026, os modelos que não contarem com controles físicos para certas funções essenciais não receberão uma classificação de segurança de cinco estrelas.
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E não só isso: mesmo que o carro conte com comandos para buzina, setas, limpadores ou pisca-alerta, caso não estejam visíveis ao condutor, também serão penalizados. Segundo o Euro NCAP, a ideia é garantir que os motoristas não precisem desviar o olhar da via para acessar funções básicas do automóvel.
Sabe-se que a redução de botões físicos não é exatamente uma escolha estética, mas sim uma estratégia para redução de custos. Ao utilizar menos botões, as montadoras conseguem concentrar a maioria das funções do carro em uma grande central multimídia, reduzindo a necessidade de fiação e componentes adicionais. Isso simplifica o processo de produção — mas não necessariamente o preço final do veículo.

O problema é que, com os comandos escondidos em várias subtelas, o motorista precisa desviar cada vez mais a atenção da direção para executar tarefas simples, como ajustar o ar-condicionado, por exemplo.

Foto de: Volkswagen
Montadoras estão voltando atrás
Algumas fabricantes que vinham apostando fortemente nessa tendência do minimalismo, como a alemã Volkswagen, já anunciaram que voltarão a adotar botões físicos em seus carros. A marca, vale lembrar, chegou a usar o criticado volante com comandos do tipo deslizante.
Quem confirmou essa mudança foi o chefe de desenvolvimento técnico da Volkswagen, Kai Grünitz, que afirmou à revista britânica Autocar que novos painéis estão sendo desenvolvidos para corrigir os excessos do passado. Os próximos ID.3 e ID.4 trarão interiores renovados com foco no retorno de comandos físicos, algo já antecipado pelo conceito ID.Polo.

Foto de: Volkswagen
Grünitz não foi o único. O chefe de design da marca, Andreas Mindt, também reconheceu o erro: “A partir do ID.Polo, todos os modelos terão botões físicos para cinco funções essenciais: volume, aquecimento dos dois lados, ventilação e luz de emergência, sempre posicionados abaixo da tela”. Segundo ele, esses comandos voltarão a ser padrão na linha VW.
“Não vamos mais cometer esse erro”, garantiu Mindt. “No volante, também teremos botões reais. Nada mais de adivinhação. Eles dão resposta tátil, são reais, e as pessoas gostam disso. Afinal, estamos falando de um carro, não de um celular.”

Volkswagen ID.3 (foto) e ID.4 terão interior totalmente redesenhado nos próximos anos
Também em entrevista à Autocar, a conterrânea Mercedes-Benz foi outra a reconhecer que o excesso de telas pode comprometer a experiência do motorista, ainda que pareça contraditório que a marca que apresentou uma tela de 39,1″ na nova geração do GLC pretenda retomar o uso de botões físicos. No entanto, é exatamente essa a intenção da fabricante daqui para frente.
De acordo com Magnus Östberg, gerente de software da Mercedes-Benz, pesquisas internas mostraram que os controles físicos são mais práticos e intuitivos, especialmente para determinadas faixas etárias e mercados específicos. Segundo ele, o objetivo é encontrar um equilíbrio entre tecnologia e usabilidade, com telas cada vez mais inteligentes, mas sem abrir mão da funcionalidade e da segurança.

Mercedes-Benz GLC no Salão Automóvel de Munique de 2025
Foto de: Motor1 Italy
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Além da exigência de controles físicos, as novas normas do Euro NCAP também darão maior ênfase aos recursos de segurança ativa. Os sistemas de monitoramento do motorista terão papel mais relevante nos testes, passando de 2 para até 25 pontos na pontuação total.
Agora, esses sistemas precisarão monitorar os movimentos dos olhos e da cabeça do motorista, detectar sinais de sonolência e emitir alertas oportunos para prevenir acidentes, resultando em classificações mais altas para os veículos que atenderem aos novos critérios.
Os padrões também ampliam o foco na proteção em tempo real dos ocupantes. Os veículos deverão ser capazes de identificar quem está sentado em cada assento e como está posicionado, ajustando automaticamente sistemas como airbags, tensores dos cintos de segurança e alertas de postura. O objetivo é tornar a resposta dos sistemas de segurança mais inteligente, personalizada e eficaz na prevenção de ferimentos em caso de colisão.
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