Brasil divulga montadoras com isenção para importar elétricos desmontados

O governo federal liberou 15 montadoras a importar veículos elétricos e híbridos desmontados (regimes SKD e CKD) sem pagamento de impostos por seis meses. A medida, com cotas que somam US$ 463 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões), foi uma resposta à disputa entre a Anfavea e a chinesa BYD sobre tarifas para kits de montagem.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a regra foi estabelecida pela Portaria Secex nº 420, de 31 de julho de 2025, que regulamenta as cotas determinadas pela Resolução Gecex/Camex nº 774/2025. O texto prevê alíquota zero para importações de automóveis elétricos, híbridos e híbridos plug-in desmontados, desde que dentro dos limites financeiros estipulados.

Assim como a BYD pretende fazer em sua fábrica de Camaçari (BA), outras montadoras já operam no Brasil utilizando modelos de montagem semelhantes. No regime SKD (Semi Knocked Down), o carro pode chegar ao país pintado e com o interior montado — caso do Audi Q3, que vem praticamente pronto da Europa e recebe apenas a montagem final em São José dos Pinhais (PR).

Já no CKD (Completely Knocked Down), o veículo chega totalmente desmontado, exigindo soldagem do monobloco, pintura e montagem com maior conteúdo local. No Brasil, este é o caso de modelos como o BMW Série 3 e o X1. Outros, como BMW X4 e X5, seguem um processo próximo do SKD, com menor índice de nacionalização na unidade de Araquari (SC).

Audi Q3 segue esquema que será usado pela BYD e vem praticamente montado da Alemanha

BMW X1 e Série 3 chegam totalmente desmontados

Entre as beneficiadas pela nova regra, GWM e BYD estão prestes a iniciar produção no país – a primeira em Iracemápolis (SP) e a segunda em Camaçari, na Bahia – ambas começando com kits importados. GAC e Omoda Jaecoo, por outro lado, seguem apenas com importações de veículos completos, mas estudam produzir localmente mais adiante. Marcas sem fábrica no Brasil, como Kia, Mercedes-Benz, Porsche e Volvo, também se beneficiam, assim como fabricantes já instaladas, como Renault, Honda e Hyundai.

A medida é temporária e vale até o fim de janeiro de 2026. Ela surgiu após a Câmara de Comércio Exterior (Camex) negar um pedido da BYD para reduzir, por três anos, as tarifas de importação desses kits de 20% e 18% para 10% e 5%, respectivamente. Embora o pleito não tenha sido atendido, a pressão da disputa com a Anfavea levou à criação da cota com isenção para todas as montadoras habilitadas.

5

Medida foi resposta do governo para guerra entre Anfavea e BYD

Após o Governo Federal, por meio do Gecex da Camex, negar os pedidos da BYD e antecipar a cobrança da tarifa máxima de importação para veículos em regime SKD ou CKD de julho de 2028 para janeiro de 2027, o clima parecia favorável à Anfavea. A associação ainda viu a rival chinesa receber apenas uma isenção de seis meses, com quota de US$ 463 milhões, o que motivou um vídeo em resposta para as redes sociais.

No material, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, chamou o prazo de seis meses “o máximo aceitável sem colocar em risco os investimentos atuais e futuros” – R$ 180 bilhões já anunciados pelas associadas. A fala, embora de agradecimento, foi interpretada como um recado para que o governo não altere novamente as regras. “Esperamos que essa discussão seja definitivamente encerrada”, disse Calvet, deixando claro que não há interesse em renovar a medida.

Esses investimentos foram citados em carta enviada ao presidente Lula por executivos da Volkswagen, Toyota, Stellantis e GM, que afirmam que incentivos maiores à BYD prejudicariam a indústria nacional, afetando empregos e fornecedores. A decisão final, ao menos por enquanto, distribuiu o benefício de forma ampla, mas manteve a tensão entre fabricantes tradicionais e novatas no mercado brasileiro.

Fonte: Auto Indústria e MDIC