O CEO da Ford, Jim Farley, voltou a causar polêmica ao afirmar que as montadoras chinesas têm capacidade de produção suficiente para “atender todo o mercado norte-americano e nos colocar todos fora do jogo”. A declaração foi feita em entrevista à revista eletrônica Sunday Morning, exibida aos domingos pela rede norte-americana CBS.
Farley comparou o momento atual da indústria chinesa ao avanço do Japão nos anos 1980, mas disse que agora o cenário é “turbinado”. Segundo o executivo, a diferença é que os japoneses nunca tiveram uma capacidade de produção tão grande, o que torna o risco para as montadoras ocidentais muito maior do que há quatro décadas.
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Fonte: Thomas Tironi
“Eles têm capacidade de produção suficiente na China com fábricas existentes para atender todo o mercado norte-americano, nos colocando todos fora dos negócios. O Japão nunca teve isso, então este é um nível completamente diferente de risco para nossa indústria”, disse Farley durante a entrevista.
O executivo também admitiu que os carros chineses fabricados atualmente são veículos que os americanos “comprariam de bom grado”, elogiando o Xiaomi SU7, sedã elétrico que ele mesmo dirige. Farley classificou o modelo como “um carro de alta qualidade, com ótima experiência digital”. Segundo ele, dirigir o carro chinês é uma forma de “conhecer o inimigo” para conseguir vencê-lo.

Atualmente, único carro que não é SUV ou picape dentro da Ford é o Mustang
Foto de: Motor1 Brasil
Não foi a primeira vez
O último flerte público de Farley com marcas chinesas havia ocorrido em julho, durante o Aspen Ideas Festival, evento que reúne líderes e executivos para debater política, tecnologia e meio ambiente. Na ocasião, ele afirmou: “Os carros chineses têm mais qualidade que os ocidentais”. O elogio não veio de um entusiasta distante, mas de alguém que já usa um elétrico da Xiaomi no dia a dia.
E, convenhamos, não seria absurdo imaginar a Ford fazendo o mesmo movimento que outras gigantes norte-americanas vêm ensaiando. A Chevrolet, por exemplo, já vende em alguns mercados o Spark EUV, um projeto da chinesa Baojun. O grupo Stellantis, que controla Fiat, Jeep e Ram, também abriu espaço em seu portfólio para a Leapmotor, marca chinesa que em breve passará a atuar em diversos países também oferecendo elétricos com foco em custo e benefício.

Foto de: Chevrolet

Vender um modelo chinês não seria novidade nem mesmo para a Ford. O Territory, SUV que chegou ao Brasil em agosto de 2020, nasceu de uma parceria com a Jiangling Motors Corporation (JMC). O modelo original era o Yusheng S330, adaptado pelos engenheiros da Ford para uso global, com mudanças de design, interior e mecânica.
Ainda que não seja o caso, a norte-americana já corre contra o tempo para oferecer elétricos mais acessíveis que o atual Mustang Mach-E. Essa nova geração de veículos elétricos menores e mais baratos terão sistema de produção modular que permitirá fabricar uma picape elétrica de US$ 30 mil antes de expandir o portfólio.
Fonte:
CBS Sunday Morning
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