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Chevrolet Vega e Kawasaki MC1 ressurgem de cápsula do tempo após 50 anos

Quem gosta de carros provavelmente se lembra da história de “Miss Belvedere”, um Plymouth Belvedere 0 km, fabricado em 1957, que passou 50 anos enterrado em uma cápsula do tempo. A reabertura da cápsula, em 2007, atraiu milhares de pessoas a Tulsa, nos Estados Unidos, mas terminou em decepção: ao longo das décadas, infiltrações haviam tomado a tumba. O carrão foi encontrado submerso em lama, enferrujado e irrecuperável. Seus “restos mortais” passaram por um longo tratamento para conter a oxidação e hoje são exibidos em um museu bem longe de Tulsa.

Agora, uma história semelhante acontece — mas, desta vez, com final feliz. Um Chevrolet Vega 1975 novinho em folha e uma motocicleta Kawasaki MC1 90 azul compõem o impressionante acervo de uma cápsula do tempo que permaneceu enterrada por longos 50 anos na cidade de Seward, em Nebraska, no coração dos EUA.

Foi, simplesmente, o maior projeto do gênero, reunindo mais de 5 mil itens lacrados em 4 de julho de 1975 — incluindo cartas aos descendentes, objetos do cotidiano, fotos e três veículos. Sim: três veículos, já que havia também um castigado Toyota Corolla, incorporado ao acervo em 1985. Falaremos disso adiante…

A abertura oficial da cápsula aconteceu na última semana de junho, na preparação para as comemorações do Dia da Independência dos EUA (4 de julho). O evento atraiu centenas de curiosos, moradores de Seward e antigos participantes do projeto, idealizado por Harold Davisson (1908–1999), um comerciante local que queria deixar um retrato fiel da vida em 1975 para as futuras gerações.



Os cromados resistiram bem à passagem do tempo

Os cromados resistiram bem à passagem do tempo

Foto de: Jason Vogel

Chevrolet Vega 1975

A estrela da cápsula do tempo foi, sem dúvida, o Chevrolet Vega amarelo. Enterrado com “zero milha” no hodômetro, o compacto surpreendeu ao emergir em condições notavelmente boas, mesmo após cinco décadas enclausurado no subsolo e protegido apenas por uma leve capa plástica. Há sinais de ferrugem no capô, mas a carroceria e o interior marrom ainda estão bem preservados — algo que nem os maiores fãs do modelo poderiam imaginar.

Equipado com motor quatro cilindros com bloco de alumínio e 140 polegadas cúbicas (2,3 litros), o Vega foi fabricado entre 1970 e 1977. Era a aposta da Chevrolet contra modelos como o Ford Pinto, numa época de crise do petróleo e implacável concorrência de compactos japoneses e europeus.



Um jornal de 4-7-75, dia em que a cápsula foi fechada

Um jornal de 4-7-75, dia em que a cápsula foi fechada

Foto de: Jason Vogel

A versão escolhida para entrar na cápsula foi a mais em conta: sedã de duas portas com 79 cv e câmbio manual de 4 marchas. Custou, na época, US$ 3.039, como atesta a nota fiscal da GM afixada no vidro lateral traseiro. Corrigido pela inflação dos últimos 50 anos, seria o equivalente a US$ 18 mil atuais (mesmo preço do carro mais barato hoje à venda nos EUA, o Nissan Versa).

O Vega foi içado pelos para-choques, o que parece assustador — mas, felizmente, deu tudo certo. Na última sexta-feira, o carro participou dos desfiles do “Independence Day”, em Seward, sobre a plataforma de um caminhão-reboque. A ideia é torná-lo operacional em breve.



O Vega foi içado pelos para-choques

O Vega foi içado pelos para-choques

Foto de: Jason Vogel

Pelo que se vê nas fotos, o que está em pior estado são os pneus. Certamente, será preciso uma boa revisão de freios e embreagem. Há pontos de oxidação nas junções das colunas C e na borda do capô dianteiro. Já os cromados e a pintura resistiram incrivelmente bem aos 50 anos na tumba.

Mesmo sem ser da desejável versão esportiva Cosworth, de 111 cv, o exemplar enterrado em 1975 já ganhou status de relíquia por seu estado único: é um dos Vega mais íntegros existentes no mundo! Caberá a Trish Davisson Johnson, filha do idealizador Harold Davisson, dar destino ao automóvel.



O Vega era 0km quando foi posto na cápsula do tempo

O Vega era 0km quando foi posto na cápsula do tempo

Foto de: Jason Vogel

Harold teve a sacada de pôr no carro uma placa com a numeração 2025. Ainda no espírito da diversão, há no para-brisa uma multa aplicada em 7 de julho de 1975 por estacionamento proibido na 3rd Street, local da cápsula.



A Kawasaki KM90 Enduro resistiu bem aos 50 anos na cápsula

A Kawasaki KM90 Enduro resistiu bem aos 50 anos na cápsula

Foto de: Jason Vogel

Kawasaki MC1 90

Ao lado do Vega, outra joia setentista ressurgiu quase intacta da cápsula do tempo: uma Kawasaki MC1 90, também enterrada desde 1975. A moto manteve sua pintura azul vibrante e componentes básicos preservados. Embora tenha chamado menos atenção do que o automóvel, emocionou muitos “coroas” de Seward que fizeram trilhas sobre duas rodas nos anos 70.

A MC1 90 era feita sob medida para jovens ou pilotos em busca de aprimorar seus talentos off-road, antes de passar para um modelo maior. Também conhecida como KM90, trazia motor dois-tempos com válvula rotativa, refrigerado a ar, de 6,6 cv — bem típico das motos de enduro da época — e câmbio de cinco marchas. Seu quadro era compacto, mas resistente o suficiente para aguentar o tranco nas trilhas — ou mesmo passar 50 anos no subsolo.



O  Corolla foi guardado na pirâmide - o Vega, no subsolo

O Corolla foi guardado na pirâmide – o Vega, no subsolo

Foto de: Jason Vogel

Toyota Corolla entrou depois

Em 1983, preocupado com o fato de que alguém havia lhe tomado o título de “maior cápsula do tempo do mundo”, Harold Davisson construiu uma pirâmide sobre a estrutura original de 1975 e a recheou com ainda mais itens — incluindo um Toyota Corolla. Recuperou o recorde, que agora será mantido para sempre, já que o Guinness Book eliminou essa categoria de suas classificações.

Diferentemente do Chevrolet Vega e da Kawasaki, o Toyota já era um carro velho e muito castigado quando foi colocado no compartimento superior. Trata-se de um Corolla cupê de duas portas, de segunda geração (E20). Pelo para-choque delicado, nota-se que foi fabricado entre 1971 e 1973 (a partir de 1974, a legislação passou a exigir para-choques mais parrudos).



O Corolla está em estado bem pior que o Vega

O Corolla está em estado bem pior que o Vega

Foto de: Jason Vogel

Representante das primeiras gerações de carros japoneses a fazer sucesso nos EUA, o modelo guardado por Davisson tem motor de quatro cilindros e 1.166 cm³, com tração traseira. Já estava todo amassado quando foi posto no monumento, e os moradores de Seward aproveitaram para escrever seus nomes na lataria, deixando um registro para a posteridade.

A pirâmide foi aberta em uma cerimônia prévia, em setembro do ano passado, quando a estrutura externa foi removida para facilitar o acesso ao conteúdo principal. Foi uma espécie de “ensaio geral” para a grande revelação deste ano, preparando o terreno para o resgate do verdadeiro tesouro subterrâneo. Por estar na câmara de cima, mais exposta ao clima, o velho Toyota sofreu mais com a passagem do tempo.



Desde 1975, o Vega estava trancado nesta tumba

Desde 1975, o Vega estava trancado nesta tumba

Foto de: Jason Vogel

Um museu da vida em 1975

Com suas 45 toneladas de concreto, a cápsula subterrânea exigiu três dias de operação com guindaste para ser aberta. Lá dentro, além dos veículos, havia Barbies, ternos azul-petróleo, pedras de estimação, cartas emocionantes para filhos, netos e bisnetos, fitas cassete com mensagens de voz, grãos de milho, utensílios de cozinha e até convites de casamento.

“Meu pai fazia tudo em grande escala. Isso aqui é o ápice do plano dele”, disse Trish, a filha de Harold Davisson. Ela e outros moradores agora querem montar uma exposição permanente, reunindo os objetos e contando a história de um gesto que ultrapassou as barreiras do tempo.

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