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Com Kwid e Mobi acima de R$ 80 mil, carro vira item de luxo no Brasil

Mensalmente, sempre trouxemos aos nossos leitores a lista atualizada com os preços dos modelos mais baratos ou menos custosos disponíveis 0 km no mercado brasileiro. Não por acaso, a Renault, com o Kwid, e a Fiat, com o Mobi, sempre tiveram um confronto bem particular para ver quem teria o modelo mais barato do Brasil, mas também sempre acompanharam seu rival nos momentos de reajuste.

Assim, de maneira pouco surpreendente, o Renault Kwid de entrada, na versão Zen, acaba de receber um novo reajuste em sua tabela de preços para julho, acompanhando o que havia acontecido com o modelo da marca italiana há poucos dias. O novo valor, ainda que menor do que o pedido pelo Mobi, que parte de R$ 80.990, trouxe o modelo da francesa para a barreira psicológica dos R$ 80.000, o que deixa a categoria de entrada cada vez mais distante do consumidor comum.

Nesta versão, que agora parte de R$ 80.690, o subcompacto traz de série quatro airbags, ar-condicionado, direção com assistência elétrica, vidros elétricos, rádio com Bluetooth, painel de instrumentos digital, assistente de partida em rampas e alerta de pressão dos pneus.

Sob o capô, todas as versões do Kwid têm o mesmo motor 1.0 SCe com 3 cilindros em linha, 12 válvulas, duplo comando de válvulas (DOHC) e bloco em alumínio, que entrega potência no etanol de 71 cv e torque de 10 kgfm. Com gasolina, são 68 cv e 9,4 kgfm. O câmbio é sempre manual de 5 marchas. Dados do Inmetro indicam consumo de 15,3 km/l com gasolina na cidade e 15,7 km/ na estrada. Com etanol, as médias são de 10,8 km/l e 10,9 km/l, respetivamente.



Fiat Mobi Like


Renault Kwid Outsider 2023

Em quase dez anos, preço duplicou

Levando em consideração o salário mínimo atual vigente em 2025, de R$ 1.518, seriam necessários cerca de 53,4 salários mínimos para comprar um Fiat Mobi ou 53,1 salários mínimos para comprar um Renault Kwid. Para ilustrar como essa conta mudou ao longo dos anos, vale olhar os preços de lançamento de cada modelo, o valor do salário mínimo na época e o impacto no poder de compra:

Modelo Preço de lançamento Salário mínimo na época Salários mínimos na época Preço atual (2025) Salário mínimo atual (2025) Salários mínimos atuais
Fiat Mobi Completo R$ 35.800 (2016) R$ 880 40,7 R$ 80.990 R$ 1.518 53,4
Renault Kwid Completo R$ 34.990 (2017) R$ 937 37,3 R$ 80.690 R$ 1.518 53,1

A categoria dos carros populares, criada nos anos 90, se manteve forte até a década de 2010, mas sucessivas crises financeiras, somadas às novas exigências de emissões e segurança, forçaram as montadoras a aposentarem seus projetos mais antigos, elevando o tíquete médio de suas linhas.

Para piorar, nos primeiros anos de 2020, a pandemia e a crise global de fornecimento de insumos, principalmente microchips, pressionaram ainda mais os custos de produção, mas mesmo assim muito pouco se justifica quando se olha a conta final para o consumidor.



Fiat Mobi Drive

Quando lançado, Fiat Mobi precisava de 40,7 salários mínimos, hoje são 53,4

Foto de: Fiat

Preços subiram (bem) mais que inflação

Um exemplo é o Fiat Mobi, lançado em abril de 2016, há menos de dez anos. Seus preços partiam de R$ 31.900 para a versão mais básica, a Easy. Para ter um carro minimamente semelhante ao Mobi 2025, com ar-condicionado, direção hidráulica, ajuste de altura para volante e banco do motorista e rodas de aço de 14″, era preciso subir para a versão Easy On, de R$ 35.800.

Corrigindo esse valor pelo IPCA acumulado de abril de 2016 a maio de 2025, de 58,22%, o Mobi deveria custar hoje cerca de R$ 56.642. Na prática, porém, o preço subiu para R$ 80.990, uma alta real de 126,23%, mais que o dobro da inflação oficial do período.



Fiat Mobi dos Correios (2023)

Tanto Kwid quanto Mobi passaram a virar figurinha carimbada como carros de empresa, no lugar do público comum 

Foto de: Motor1 Brasil

Em poder de compra, o salto é ainda mais gritante. Em 2016, com salário mínimo de R$ 880, eram necessários cerca de 40,7 salários mínimos para comprar um Mobi Easy On. Hoje, são 53,4 salários, quase 13 salários a mais para levar para casa um carro que pouco mudou em proposta.

O mesmo acontece com o Renault Kwid, lançado em agosto de 2017 por R$ 29.990 na versão Life, extremamente básica, sem ar-condicionado ou direção elétrica. Para ter um nível de equipamentos mais próximo do atual, era preciso optar pela versão Zen, que saía por R$ 34.990.



Renault Kwid Zen 2021

Kwid chegou em 2017 por R$ 29.990; versão completa, como as oferecida 0km hoje, partia de R$ 34.990

Corrigindo pelo IPCA de 52,85% entre agosto de 2017 e maio de 2025, o Kwid Zen deveria custar cerca de R$ 53.499, mas hoje parte de R$ 80.690, um aumento real de 130,5%. Em 2017, com o salário mínimo em R$ 937, eram necessários cerca de 37,3 salários mínimos para comprar um Kwid Zen, enquanto hoje são 53,1 salários.

Mesmo levando em conta as turbulências da pandemia e a crise de semicondutores, que de fato afetaram toda a indústria, é impossível ignorar que o carro mais barato do Brasil se tornou um produto cada vez mais distante do público que deveria alcançar.

O problema, em si, não é apenas o reajuste de valores, mas a queda real do poder de compra. De acordo com o IBGE, o IPCA acumulado nesse período de dez anos foi superior a 77%. Outro fator que agrava a situação é a taxa Selic na casa dos 15%, o que dificulta o financiamento em uma faixa de mercado que sempre foi fortemente movida por essa forma de pagamento.



Comparativo Renault Kwid x Citroën C3 x VW Polo Track

Governo quer novo programa de incentivos, mas juros altos devem torná-lo paliativo

Com meta de tentar aquecer novamente o mercado, o governo federal planeja o programa Carro Sustentável. A diferença é que, desta vez, os critérios são técnicos e ambientais, sem uma exigência clara de redução de preços ao consumidor final. O anúncio oficial deve ser feito nas próximas semanas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a expectativa é que as novas regras fique em vigor até o fim de 2026, quando o novo regime tributário começará a vigorar, incluindo a possível criação de um Imposto Seletivo sobre o consumo.

Na prática, o Carro Sustentável prevê redução ou até isenção do IPI para veículos nacionais com motor 1.0 aspirado, potência de até 90 cavalos, boa eficiência energética e baixo nível de emissão de poluentes. Com a Selic elevada e o crédito caro, o governo aposta que a renúncia fiscal possa ser compensada por tributos sobre o aumento das vendas e pelo estímulo à produção local.



Comparativo Renault Kwid x Citroën C3 x VW Polo Track

Mais vendido hoje do mercado nacional, VW Polo parte de R$ 95.790 e tem mais de 70% de suas vendas fora do varejo

A questão é que as montadoras não serão obrigadas a repassar a isenção de IPI, o que deixa em aberto se esse eventual desconto chegará de fato ao consumidor final ou ficará concentrado nas locadoras e frotistas, que já respondem por cerca de 90% das vendas de modelos como Mobi e Kwid. 

Teremos que esperar até que as medidas sejam realmente anunciadas pelo governo federal para ter noção sobre seu impacto real no mercado. Até lá, tudo que já se sabe sobre ele é que parece apenas mais um paliativo, sem atacar diretamente o problema real que trava o mercado de veículos novos hoje: o poder de compra. 

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