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como os mais vendidos do Brasil mudaram em 20 anos

Não parece, mas o ano de 2005 foi há duas décadas. O mundo e o mercado automotivo eram bem diferentes. Os celulares, hoje praticamente uma obrigação para qualquer atividade, ainda não tinham se tornado tão complexos. Idem para os automóveis. Que não contavam sequer com central multimídia na maioria dos casos para se tornarem boas compras.

Naquela época, os principais players do Top 10 de vendas na categoria de automóveis eram modelos bem básicos, feitos a partir de projetos antigos e sobrevivendo no mercado como produtos de volume. Exemplos não faltavam: o Fiat Uno, um projeto originário de 1984 e que recebeu apenas leves alterações estéticas foi o terceiro carro mais vendido no acumulado de janeiro a julho de 2005. Ao todo, foram nada menos do que 64.833 unidades, segundo dados da Fenabrave. 

O cenário econômico também ajuda a entender esse contraste. Em 2005, o salário mínimo era de R$ 300. Em 2025, está em R$ 1.525. Em ambos os casos, comprar um carro representava um esforço grande para boa parte da população. A diferença é que, há vinte anos, as montadoras ainda apostavam com força em modelos de alto volume, ainda que com margens menores.

Essa lógica começou a se transformar após a crise financeira de 2008, quando o crédito se tornou mais restrito. A mudança se intensificou após a pandemia de 2020, período em que a escassez de insumos levou as fabricantes a elevarem seus preços e priorizarem versões e produtos mais caros, ganhando em margem ao invés de apostarem em grandes volumes.



Fiat Uno mudou pouco desde seu lançamento em 84

Fiat Uno de 1ª geração mudou pouco desde seu lançamento em 84 até sair de linha, em 2013

Foto de: Thomas Tironi

Os equipamentos também seguiram esse caminho. Em 2005, um carro de entrada como o já citado Uno ou Chevrolet Classic dificilmente oferecia itens hoje considerados básicos. Airbags e freios ABS só se tornaram obrigatórios em 2014. Direção hidráulica ou elétrica e ar-condicionado eram restritos às versões mais caras ou oferecidos como caros opcionais. Hoje, qualquer modelo precisa atender a esse padrão mínimo, o que naturalmente elevou o preço médio do setor.

Veja, abaixo, como era o mercado de automóveis em 2005 e como mudou em 2025 comparando os dados do primeiro semestre de cada um dos anos. A lista mostra a transição de um cenário dominado por hatches compactos baratos para um presente em que os SUVs se tornaram maioria entre os mais vendidos.

Posição jul./2005 Unidades jul./2025 Unidades
VW Gol 103.218 VW Polo 70.155
Fiat Palio 73.166 Fiat Argo 54.432
Fiat Uno 64.833 VW T-Cross 53.551
Chevrolet Celta 62.050 Hyundai HB20 42.392
VW Fox / CrossFox 44.026 Chevrolet Onix 42.078
Chevrolet Classic 38.178 Fiat Mobi 41.329
Ford Fiesta 34.174 Hyundai Creta 39.032
Fiat Siena 24.892 Toyota Corolla Cross 36.955
Ford EcoSport 24.119 Honda HR-V 36.086
10º Ford Fiesta Sedan 20.861 Chevrolet Tracker 34.212


Presença do Corolla Cross nos mais vendidos é sintomática, mais caros não estão vendendo mais, os de entrada é que estão em queda

Presença do Corolla Cross nos mais vendidos é sintomática: mais caros não estão vendendo mais, os de entrada é que estão em queda

Foto de: Thomas Tironi

Mais SUVs, menos populares 

As duas décadas foram marcadas por mudanças bem profundas no ranking de mais vendidos. No já longínquo ano de 2005, o Top 10 era recheado de modelos considerados populares e de volume, caso do líder VW Gol, com 103.218 unidades, além de Chevrolet Celta (62.050) e Fiat Palio (73.166). Todos contavam com versões mais antigas e franciscanas em seu portfólio para garantir volume.

Nos anos seguintes, a crise de financeira global de 2008 congelou planos de diversas montadoras para renovarem seus portfólios e investirem em produtos mais acessíveis, que continuaram com projetos antigos. Apenas em 2014, com a chegada da lei que obrigaria a introdução de airbags e freios ABS como itens de série em todos os modelos, várias marcas retiraram estas versões mais antigas e básicas, mas que geravam volume, ficando dependentes de suas variantes mais modernas.



Quase toda montadora tinha versão ''peladona'', caso da VW com o Gol

Quase toda montadora tinha versão ”peladona”, caso da VW com o Gol City

Foto de: Thomas Tironi

Há ainda as que resolveram equipar seus modelos antigos, como a Chevrolet. Pela primeira vez, o Celta contou com os itens de segurança, enquanto o sedã Classic voltou a ser equipado com eles como ocorria em seus primeiros anos. Com os novos itens, passaram também a ser vendidos com mais acessórios de série, como ar-condicionado ou direção assistida.

Na virada para 2020, a pandemia e novas regras de emissão forçaram alguns veteranos a darem adeus ao mercado. Foi nesta época, também, que a Ford reposicionou sua atuação. Se em 2005 a montadora contava com produtos nacionais e relativamente acessíveis, como a linha Fiesta (34.174 unidades vendidas no primeiro semestre daquele ano) e o SUV compacto EcoSport (24.119), a Ford de 2025 tem presença bem diferente. Está longe do top 10 e com ticket médio bem superior, atuando agora com produtos como Bronco Sport, Maverick e Mustang. Seus dados financeiros, por outro lado, nunca estiveram melhores.



Em 2005, Ford Ecosport era exceção entre top 10

Em 2005, Ford Ecosport era exceção entre top 10; marca hoje foca em carros premium

Foto de: Thomas Tironi

E por falar em SUV, a lista dos 10 mais vendidos nunca foi tão recheada com eles. Estão lá o VW T-Cross (53.551 unidades no primeiro semestre de 2025), Honda HR-V (36.086), Chevrolet Tracker (34.212) e até mesmo um modelo médio, o Toyota Corolla Cross (36.955). Todos já contam com versões que ultrapassam os R$ 150 mil, chegando perto dos R$ 200 mil nas configurações mais completas. A exceção são as versões destinadas ao público PcD, com preço limitado a R$ 120 mil.

Entre os ditos populares, o único ainda presente na lista é o Fiat Mobi, com 41.329 unidades. O subcompacto surgiu no fim da década passada como modelo de entrada da marca italiana e, com o tempo, acabou ficando dependente quase que exclusivamente de vendas diretas. Hoje, é um carro voltado para frotas, motoristas de aplicativo e locadoras. Mesmo assim, já parte de mais de R$ 80 mil.



Fiat Mobi Like

Último ”popular”, Fiat Mobi é único subcompacto na lista e já passa dos 70 mil reais

Se antes as picapes simples e utilitárias dominavam, hoje a disputa envolve também as intermediárias e até versões mais sofisticadas, usadas no dia a dia. Veja quais eram os comerciais mais vendidos no primeiro semestre 2005 e como o ranking mudou para o mesmo período de 2025. 

Posição Modelo (2005) Unidades Modelo (2025) Unidades
Fiat Strada 23.815 Fiat Strada 75.592
Chevrolet Montana 9.234 VW Saveiro 34.843
VW Saveiro 8.747 Toyota Hilux 28.521
Toyota Hilux 7.627 Fiat Toro 27.317
VW Kombi 7.564 Ford Ranger 19.074
Mitsubishi L200 7.530 Chevrolet S10 16.429
Fiat Fiorino 7.333 RAM Rampage 13.403
Chevrolet S10 6.709 Chevrolet Montana 11.784
Ford Ranger 4.611 Fiat Fiorino 11.711
10º Ford Courier 4.076 Renault Master 9.164


Toro surgiu no fim da década de 2010 e definiu novo segmento de médio-compactas

Toro surgiu no fim da década de 2010 e definiu novo segmento de médio-compactas

Foto de: Thomas Tironi

Nos comerciais, Fiat dominou 

Duas décadas separam os dois rankings e mostram como o segmento de comerciais leves no Brasil mudou. A Fiat, que já liderava com a Strada em 2005 (23.815 unidades), não apenas manteve a ponta como triplicou os volumes em 2025: são 75.592 unidades no primeiro semestre. O segredo? A nova geração lançada em 2020, que ganhou cabine dupla, câmbio automático, central multimídia e passou a atender também ao público urbano e familiar. Hoje, tem até motor 1.0 turbo.



Fiat Strada Volcano 1.3 CVT 2026

Foto de: Motor1.com



Fiat Fiorino 1.3 Firefly 2025

Foto de: Fiat



Fiat Titano Ranch 2026

Foto de: Fiat

A marca italiana ainda se destaca pela diversidade de atuação: tem desde o Fiorino, um clássico utilitário urbano (11.711 unidades), até a Toro (27.317), uma picape intermediária que inaugurou esse nicho em 2016. Mais recentemente, lançou a Titano para brigar entre as picapes médias. Nenhuma outra marca tem presença tão variada no segmento.

Já a Saveiro da Volkswagen segue como única herdeira direta do conceito de picape compacta raiz: duas portas, motor 1.6 aspirado e câmbio manual. Mesmo sem mudanças profundas desde a geração baseada no Gol de 2008, teve forte crescimento, saltando de 8.747 para 34.843 unidades.



Montana de 3ª geração cresceu e virou parte do crescente segmento de médio-compactas

Montana de 3ª geração cresceu e virou parte do crescente segmento de médio-compactas

Foto de: Thomas Tironi



Ram Rampage Rebel 2.2TD 2025

Ram Rampage atua em segmento até então inédito pela marca de utilitários americana

Foto de: Mario Villaescusa / Motor1.com

Outro ponto marcante é o surgimento das picapes intermediárias ou médio-compactas, que ocupam o espaço entre as antigas compactas e as médias tradicionais. Com estrutura monobloco e base de carro de passeio, modelos como Fiat Toro e RAM Rampage (13.403) combinam conforto próximo a um SUV, cabine dupla, tecnologia e dirigibilidade com a versatilidade de uma caçamba.

A Montana, que em 2005 ainda era uma picape compacta de duas portas (9.234 unidades) derivada do Corsa da segunda geração nacional, mudou de categoria e hoje atua na mesma faixa da Toro, atraindo agora mais consumidores de uso misto e acumulou 11.784 unidades vendidas no primeiro semestre de 2025. Já as médias tradicionais, como Hilux (28.521), S10 (16.429) e Ranger (19.074), seguem firmes no ranking deste ano, mas já não são mais as únicas protagonistas.



VW Kombi vendia como pão quente e só morreu por força de lei

VW Kombi, mesmo com idade avançada, vendia como pão quente e só morreu por força de lei

Foto de: Thomas Tironi

E por fim, a velha senhora merece menção à parte. Em 2005, o utilitário que se tornou o primeiro carro da Volkswagen do Brasil em 1957 aparecia com impressionantes 7.564 unidades vendidas no semestre, mesmo com projeto antiquado. Foi salva temporariamente por um novo motor 1.4 flex com refrigeração líquida em 2006, mas saiu de cena no fim de 2013 pela legislação que exigia airbags e ABS.

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