Ainda que muita gente não saiba, a Renault do Brasil foi a primeira marca a apostar em um nicho de picapes maiores do que as derivadas de hatches compactos, como a VW Saveiro, mas menores que as médias tradicionais, caso da Chevrolet S10.
Foi a Duster Oroch – e não a Fiat Toro – que inaugurou o segmento em meados da década passada. Mesmo assim, não são todos os mercados que contam com várias opções à disposição. A Europa, por exemplo, acaba de ganhar uma curiosa variação do Duster transformada em picape.
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Fonte: Dacia
Diferente da Oroch, não se trata de um produto oficial de fábrica, mas de uma adaptação feita em parceria entre a Dacia e a preparadora Romturingia. O problema é que as proporções permanecem as mesmas do SUV, resultando em uma solução que não é lá muito harmoniosa, com caçamba bem reduzida e capacidade de carga limitada a apenas 430 kg.
A área de carga mede apenas 1.050 mm de comprimento por 1.000 mm de largura – dimensões tão modestas que fazem até uma Strada parecer espaçosa em comparação. A caçamba é tão pequena que chega a desaparecer dependendo do ângulo de visão. Ainda assim, não surpreende que a Dacia tenha seguido por esse caminho: a Renault domina como poucas o controle de custos, e uma conversão mais profunda sairia cara demais.

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Remover as portas traseiras e cortar parte do teto elevaria os gastos de desenvolvimento a ponto de inviabilizar o projeto. Mesmo nesse formato, a Duster Pick-Up parte de mais de € 31.000 na Romênia, já com impostos incluídos.
Embora seja substancialmente mais cara do que o SUV Duster equivalente, a picapinha ainda é muito mais barata do que uma caminhonete de fato. Na Europa, uma Toyota Hilux custa cerca de 10.000 euros a mais, enquanto a Ford Ranger e a Volkswagen Amarok são ainda mais caras.

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Brasil terá Niagara
Se na Europa os consumidores precisam improvisar e podem apenas sonhar com as opções de picapes médio-compactas que existem deste lado do Atlântico, no Brasil a história é diferente. Por aqui, o mercado vai ganhar o desenvolvimento de um modelo inédito: a Niagara.
A picape será construída sobre a nova plataforma modular RGMP do grupo, a mesma que já serve de base para o Kardian e que também dará origem ao SUV médio Boreal, previsto para dezembro. Concorrente direta de Fiat Toro e Ram Rampage, ela será produzida na Argentina e, depois de apresentada como conceito, agora tem lançamento confirmado para o segundo semestre de 2026.
A revelação foi feita por Pablo Sibilla, presidente da Renault Argentina, em entrevista ao Motor1.com Argentina durante a apresentação do Boreal em São Paulo (SP), há alguns meses. Segundo o executivo, a picape será um produto estratégico tanto para a marca na região quanto para a fábrica argentina.


Em março já havíamos falado sobre a picape, que deve manter o nome Niagara, como seu conceito. Na época, Daniel Nozaki, diretor do Centro de Design da Renault América Latina, falou que a picape teria bom nível de acabamento e tecnologias, além de manter bastante do conceito e compartilhar componentes com o Boreal. Agora que já o conhecemos, já temos uma boa idéia do que esperar para a picape, que deverá adotar pequenas mudanças para identidade própria.
Atualmente, o modelo segue em testes na Argentina, ainda em fase de mulas. Não deve demorar para que as primeiras unidades pré-série circulem tanto no país vizinho quanto no Brasil. Por ora, a Renault descarta a adoção de versões híbridas, focando no motor 1.3 turbo.