Não é exagero dizer que a Audi não está em seus melhores dias. No ano passado, por exemplo, suas vendas caíram 11,8%, enquanto neste ano, foram mais 5,9%. No entanto, o recente influxo de novos modelos deve ajudar a mudar a situação e atrair compradores das arquirrivais BMW e Mercedes-Benz, que estão à frente na corrida pelo mercado de luxo. Veículos como Q3, Q5, A5 e A6 estão prontos para atacar a concorrência.
Mas o CEO da Audi, Gernot Döllner, admite francamente que há muito trabalho pela frente. Em entrevista à revista alemã Bild, ele foi direto: “Não quero fazer rodeios, precisamos voltar aos trilhos agora”. Segundo o executivo, após um longo hiato de lançamentos, a Audi finalmente atravessa seu “ponto mais baixo”: “Acho que estamos saindo dele”.
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Fonte: Audi
A virada deve começar no IAA Mobility de Munique (ALE), em setembro, com a estreia de um novo conceito elétrico. Apelidado internamente de “TT Moment 2.0”, o modelo será um cupê esportivo que pretende resgatar o espírito do icônico TT das décadas passadas. Döllner descreve o projeto como “altamente emocional” e aposta em um impacto semelhante ao do lendário cupê lançado no final dos anos 1990.
Mas não será um TT de quarta geração ou um retorno do R8. Döllner o descreveu como “algo intermediário”, assumindo a forma de um “carro esportivo altamente emocional”. Embora ele seja lançado como um conceito, uma versão de produção está planejada para os próximos dois anos.

Apesar de ser apenas um protótipo inicial, a marca planeja lançá-lo em versão de produção dentro de dois anos. O conceito será 100% elétrico, mas isso não significa o fim dos motores a combustão. A Audi adiou sua transição completa para elétricos de 2032 para, no mínimo, meados da próxima década. O modelo também marcará o início de uma nova fase de design e tecnologia, com recursos inéditos em relação à atual linha da marca. “Será o símbolo de um novo Audi”, afirma o executivo.
A admissão de erros vem de outros escalões da empresa. Em entrevista ao Motor1 Alemanha, Oscar da Silva Martins, diretor de comunicações de produto e tecnologia, afirmou que a qualidade da marca caiu: “Certamente já fomos melhores, mas vamos recuperar isso”.

Segundo o Bild, um executivo do alto escalão do Grupo Volkswagen chegou a definir a Audi como “nosso caso de crise”, afirmando que os produtos atuais da marca são apenas “medianos”. Um exemplo do impasse é o sucessor do A8: antes esperado como evolução do conceito Grandsphere, o novo sedã de topo parece ter sido deixado em segundo plano.
Outro movimento que escancara a tentativa de reposicionamento é a criação da nova marca AUDI (com nome em maiúsculas e sem o tradicional logotipo dos quatro anéis), voltada exclusivamente ao mercado chinês. Com produção e desenvolvimento locais, essa nova divisão elétrica estreou com o SUV E5 Sportback e contará com uma linha própria de modelos vendidos apenas na China.