A decisão já era esperada, mas agora é oficial. Com 458 votos a favor, 101 contra e 14 abstenções, o Parlamento Europeu aprovou a proposta da Comissão Europeia que permite às montadoras calcular o cumprimento das metas de emissão de CO₂ com base na média de desempenho entre 2025 e 2027 — e não mais ano a ano.
Na prática, as montadoras continuam sujeitas à multa de € 95 por grama de CO₂ excedente por quilômetro, multiplicado pelo número de veículos emplacados. A diferença é que, agora, elas podem compensar eventuais excessos em um ano com resultados melhores nos seguintes, reduzindo o risco de sanções imediatas. Segundo Luca de Meo, CEO da Renault, só em 2025 o impacto das regras anteriores poderia ultrapassar € 15 bilhões para o setor.
Foto de: Renault
Outra mudança significativa é a permissão para que as fabricantes formem “pools”, agrupando seus números de emissão com os de outras empresas. A estratégia pode ajudar a evitar multas, mas levanta críticas por enfraquecer a competitividade da indústria europeia frente a rivais globais. A medida ainda precisa da aprovação formal do Conselho da União Europeia, mas como o texto já foi validado pelo órgão em 7 de maio, trata-se apenas de um trâmite final.
A votação veio apenas alguns dias depois de executivos da Stellantis e Luca de Meo afirmarem que a imposição legal de veículos elétricos geraria um efeito reverso na indústria europeia. Segundo os executivos, se a Europa não mudasse de rumo rapidamente, corre o risco de deixar de ser um polo industrial para se tornar apenas um mercado consumidor de veículos fabricados em outras partes do mundo.

Foto de: Volkswagen
Fôlego extra para a indústria
A emenda faz parte do plano industrial apresentado pela Comissão em março e busca aliviar a pressão sobre a indústria automotiva europeia — hoje fragilizada pela concorrência crescente, especialmente no segmento de elétricos.
Ela também se insere no diálogo estratégico sobre o futuro do setor, iniciado pela presidente Ursula von der Leyen em janeiro.

Reação do setor
A Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA) elogiou a decisão, destacando que a flexibilização das regras de CO₂ é essencial para dar previsibilidade à indústria. Em nota, a entidade voltou a defender uma estratégia clara, robusta e de longo prazo para garantir a descarbonização do setor automotivo europeu.