O Chevrolet Camaro saiu de linha no fim de 2023, com a produção da última unidade – um ZL1 1LE manual – encerrada em Lansing, Michigan. Apesar das despedidas e de uma promessa vaga de retorno, o futuro do muscle car continua indefinido. Na época, o vice-presidente global da Chevrolet, Scott Bell, disse: “Embora não estejamos anunciando um sucessor imediato hoje, fique tranquilo: este não é o fim da história do Camaro.”
Desde então, pouca coisa mudou – e deve continuar assim por um bom tempo. Segundo o GM Authority, uma proposta dos times de desenvolvimento da Chevrolet foi enviada à direção da empresa para trazer o modelo de volta. Mas, quando chegou aos executivos, a ideia foi descartada sem cerimônia. O motivo? Os números de vendas e a projeção de lucros não fecharam a conta.
Não seria a primeira vez que o Camaro sai de cena sem substituto. O modelo foi produzido de forma contínua entre 1967 e 2002, sobrevivendo a chegada de carros compactos japoneses e até a crise do petróleo, passando no total por quatro gerações. Voltou em 2010 com um novo projeto, mas com visual inspirado nos modelos antigos dos anos 60 e 70. A sexta e última geração chegou em 2015 e ficou em produção até o fim de 2023.
O problema é que, após um bom começo, as vendas despencaram. Em 2016, mais de 70 mil unidades foram vendidas nos Estados Unidos. Em 2024, pouco antes do fim, esse número caiu para 5.859 unidades. Foi uma saída discreta para um carro que já teve grande relevância nas ruas americanas.
Mesmo assim, a Chevrolet não fechou todas as portas. Em julho de 2025, o presidente da GM, Mark Reuss, disse ao jornal The Detroit News que o Camaro poderia voltar, desde que com as características certas. “Beleza, um pouco de funcionalidade e diversão ao dirigir. Se voltarmos com o Camaro, esses ingredientes serão essenciais. E temos capacidade para fazer isso.”
Reuss também reconheceu que o mercado está mudando. O segmento de muscle cars vem encolhendo, e o Mustang Mach-E – SUV elétrico da Ford baseado no esportivo de mesmo nome – chegou a vender mais do que o Mustang tradicional em 2024 (51.745 contra 44.003 unidades). Em 2025, o cupê retomou a dianteira no primeiro semestre (23.551 contra 21.785), mas a disputa mostra que a demanda por esse tipo de carro é cada vez menor.
Ford Mustang Mach-E, que já foi considerado uma heresia, hoje vende mais que seu homônimo à combustão
Desde 2021 circulam rumores de que o Camaro pode voltar como um sedã elétrico de quatro portas, e não como um SUV. O próprio Reuss comentou à MotorTrend que gostaria de ver o modelo nessa nova configuração, com preço próximo ao do Equinox EV. Mas, até agora, nada passou do papel.
O preço também pesa nessa discussão. O Mustang mais barato custa US$ 33.610 nos EUA, abaixo da média de US$ 48.799 de um carro novo, segundo o Kelley Blue Book , mas ainda caro para quem procura um carro de fim de semana. O Camaro se despediu custando a partir de US$ 32.495.
Se voltar, será a gasolina
Se o Camaro voltar, é provável que continue com motor a combustão. A GM já percebeu que o público ainda não quer esportivos elétricos. “Ninguém quer isso”, disse Tony Roma, engenheiro-chefe do Corvette. É difícil imaginar que com o Camaro seria diferente.
Do lado da concorrência, a Dodge também teve dificuldades com o lançamento do Charger elétrico, mas já prepara a versão Sixpack com o novo motor Hurricane 3.0 biturbo de seis cilindros em linha. Há ainda rumores sobre o retorno do V8 Hemi até 2026. Se esses rumores se confirmarem, isso reforçará a ideia de que o caso de amor dos Estados Unidos com motores de grande deslocamento (e motores em geral) ainda não acabou, especialmente no segmento de esportivos.
