Depois de anos perdida dentro do vasto portfólio de marcas da Stellantis, a italiana Lancia finalmente parece ter traçado um plano para recuperar sua identidade. Essa nova fase começou com o lançamento do Ypsilon, no ano passado, e em breve ganhará reforço com dois nomes históricos: Gamma e Delta, este último eternizado nos ralis algumas décadas atrás.
Segundo a revista Autocar, o retorno do nome Delta não é só para fazer barulho. Em um comunicado divulgado na última terça-feira (1), a marca confirmou que também vai ressuscitar o lendário selo HF Integrale, que definia a versão mais esportiva do hatchback original.
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Fonte: Motor1.com
Para quem não lembra, “HF” significa High Fidelity (Alta Fidelidade) e era o rótulo que a Lancia usava nos seus carros mais potentes, como o Stratos, o Delta 4×4 e, claro, o icônico Delta Integrale. Com um elefante como símbolo, a marca apresentou recentemente o Ypsilon HF e a HF Line, que resgatam esse espírito.
A Lancia também voltou às pistas de terra: os novos Ypsilon Rally4 e Ypsilon HF Racing já foram homologados para competições como o Rally6. No comunicado que anunciou o HF Racing, a marca deixou claro que o selo HF será o diferencial de todas as versões de alto desempenho da nova geração: hoje no Ypsilon e, a partir de 2026, também nos futuros Gamma e Delta, que ganharão o nome HF Integrale.

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Fonte: Lancia
O nome Integrale apareceu no Delta original em 1988, como evolução do Delta HF 4×4 que competia no Grupo A de rali. Era uma versão de homologação para as pistas, com tração integral e um quatro cilindros turbo que transformava o pequeno hatch em uma lenda. O Delta Integrale saiu de cena em 1993 com a série Evo II de produção limitada — mas sua mística só cresceu desde então.
De acordo com a Autocar, o próximo Delta deve ser “irmão” do Opel Mokka e usar a plataforma CMP da Stellantis — a mesma de Peugeot 208 e Citroën C3 —, capaz de receber tanto motores a combustão quanto elétricos. Embora não esteja confirmado, o palpite mais forte é que ele herde o conjunto do Ypsilon HF, Alfa Romeo Junior Veloce e Peugeot E-208 GTI, com motor elétrico de 280 cv e 33,9 kgfm de torque.

Alfa Romeo Junior Veloce 2024
Foto de: Alfa Romeo

Foto de: Motor1 Brasil
Já o Gamma, um sedã/cupê de luxo fabricado entre 1976 e 1984, nunca teve uma versão esportiva de verdade. Agora, a Autocar indica que o novo Gamma será um gêmeo de luxo do DS No8, futuro carro-chefe da francesa DS, também do grupo Stellantis.
Mesmo assim, o renascimento da Lancia não tem sido fácil. Apesar do novo Ypsilon, as vendas da marca caíram 72% em maio, para apenas 5.627 unidades, reflexo de problemas maiores dentro da Stellantis — que, inclusive, acaba de nomear Antonio Filosa como novo CEO, no lugar de Carlos Tavares, alvo de duras críticas internas.

Foto de: Lancia
Para os fãs, o novo Delta Integrale tem um peso enorme. Mesmo com a história rica da Lancia, o Delta Integrale é, de longe, o mais adorado por quem vibra com ralis. Se vai estar à altura da lenda? Ainda é cedo para saber, mas as expectativas são altas.