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Lifan 320 era cópia assumida do Mini

Com sete anos de pausa, o Salão do Automóvel voltará a marcar presença na agenda dos entusiastas do setor automotivo ainda neste mês, durante os dias de 22 a 30 de novembro. Não é nem preciso dizer que muito do que você, leitor, verá nos estandes será chinês.

A Geely, por exemplo, retorna agora em nova fase ao país, com intenções de fabricação nas instalações da francesa Renault, já tendo mostrado dois produtos elétricos com preços bem competitivos até mesmo quando comparados a rivais a combustão de marcas tradicionais. No mesmo caminho seguem GWM, com as linhas Haval, Tank e Ora e, não menos importante, a BYD, que já produz, ainda que em SKD, o Dolphin Mini na antiga planta da Ford, na Bahia.

Até mesmo as tradicionais já buscam formas de ter produtos competitivos e com menor custo de fabricação para conseguir encarar a nova realidade chinesa. O grupo Stellantis, dono de marcas como Fiat, Jeep e Peugeot, investirá também na Leapmotor, enquanto a Chevrolet trará produtos rebatizados de suas parceiras asiáticas e os venderá em sua própria rede.

Cópia não, homenagem

Para chegar até aqui, entretanto, foi preciso muita evolução das marcas chinesas. Com uma história recente de industrialização automotiva, as primeiras a se aventurarem nesse universo apostavam em modelos extremamente baratos, tanto em sua construção e concepção quanto no preço final para o público. E, com isso, vinham as cópias.

Na cultura chinesa, copiar algo não é necessariamente sinal de falta de criatividade. É visto como uma forma de homenagear quem fez primeiro, uma maneira de aprender com o que deu certo. Essa lógica, profundamente cultural, transformou a imitação em parte do processo de aprendizado. Para eles, copiar era aprender. Uma diferença que certamente ainda faz muitos advogados de patentes perderem o sono por aí.



Promessas do Salão: Lifan 320 era cópia assumida do Mini

Foto de: car.autohome.com.cn

Como era o Lifan 320

Foi nesse contexto que surgiu o Lifan 320, mostrado no Salão do Automóvel de 2010. O pequeno hatch parecia ter sido desenhado a partir de uma lembrança distante do Mini Cooper e acabou chamando mais atenção pelo atrevimento da marca do que pelo seu conteúdo.

Pequeno, misturando elementos arredondados e retos e com faróis circulares de moldura cromada, não escondia a inspiração no britânico. A dianteira repetia a forma da grade e o posicionamento dos faróis, enquanto o teto pintado em cor contrastante completava a tentativa de “britanizar” o visual.



Promessas do Salão: Lifan 320 era cópia assumida do Mini

Lifan 320 era oferecido em cores vivas e contava com personalização nas lojas

Foto de: car.autohome.com.cn

A Lifan ainda tentava vender um ar mais jovial, oferecendo o 320 em cores vibrantes como azul, amarelo, vermelho e roxo, além dos tradicionais prata e preto. O teto branco e as faixas no capô reforçavam a ideia de esportividade, copiando até o detalhe mais icônico do Mini Cooper original.

Na traseira, o déjà vu continuava. As lanternas verticais imitavam as do Mini, o logotipo ocupava a mesma posição e o para-choque alto tentava equilibrar as proporções. Os encaixes com pouca precisão e o excesso de cromados davam o toque final ao conjunto.



Promessas do Salão: Lifan 320 era cópia assumida do Mini

Foto de: car.autohome.com.cn

Por dentro, as bizarrices continuavam. As saídas de ar e o comando do ar-condicionado formavam uma carinha sorridente olhando para os passageiros, uma alegria involuntária que deixava o ambiente mais engraçado do que agradável. O painel bicolor e o rádio simples completavam o interior, que tentava ser retrô, mas soava improvisado.

Nas medidas e na motorização, entretanto, o “Mini” chinês seguia outro caminho. O Lifan 320 tinha 3.745 mm de comprimento, 1.620 mm de largura, 1.430 mm de altura e entre-eixos de 2.340 mm, sempre com quatro portas. Já o Mini Cooper 1.6 da época era menor e mais bem proporcionado, com 3.699 mm de comprimento, 1.683 mm de largura, 1.407 mm de altura e 2.467 mm de entre-eixos.



Promessas do Salão: Lifan 320 era cópia assumida do Mini

Bem diferente do original, ”mini chinês” tinha motor 1.3 aspirado e tração dianteira

Foto de: car.autohome.com.cn

Sob o capô, o pequeno trazia um propulsor 1.3 aspirado, somente a gasolina, aliado a um câmbio manual de cinco marchas e capaz de render 88 cv e 11,2 kgfm de torque, sempre com tração dianteira. Algo bem diferente do Mini original, que nasceu com tração traseira.

Até sósia do Mr. Bean teve

O ponto alto – ou baixo – dependendo do seu olhar, aconteceu no próprio Salão de 2010. O estande da Lifan ficava a poucos metros do da Mini, e a marca chinesa parecia se divertir com a situação. Para completar a cena, um sósia do Mr. Bean foi levado para posar ao lado do 320 e entreter o público.

Mas o que parecia apenas um deboche acabou parando nos tribunais. Dois anos depois, em 2012, a BMW – dona da Mini – processou oficialmente a Lifan no Brasil, alegando concorrência desleal e “imitação parasitária” do design do Cooper.

A Justiça do Rio de Janeiro chegou a conceder uma liminar na época suspendendo as vendas do 320 no país, mas a decisão foi derrubada semanas depois. O processo seguiu sem desfecho imediato, enquanto a Lifan mantinha o carro à venda por mais algum tempo, saindo de linha definitivamente em 2013.



Promessas do Salão: Lifan 320 era cópia assumida do Mini

O infame painel sorridente do Lifan 320 

Foto de: car.autohome.com.cn

Na ação, a BMW apresentou uma pesquisa do Ibope mostrando que boa parte dos entrevistados confundia o 320 com o Mini original. Já a Lifan se defendeu dizendo que as semelhanças eram apenas “coincidências comuns no mercado automotivo” e que não havia risco de confusão para o consumidor. O argumento não convenceu muita gente – nem precisava.

Pouco depois, o 320 deixou de ser importado. Mesmo sendo completo e custando relativamente pouco (R$ 29.990), suas vendas foram discretas, e o modelo logo virou alvo de piadas. A Lifan ainda tentou continuar no mercado com o sedã 620 e o SUV X60, mas sem sucesso. Poucos anos depois, a marca deixou o país de vez, sendo absorvida pela Geely em sua terra natal e renomeada como Livan.

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