Fãs da franquia “Velozes e Furiosos” certamente reconhecerão este lendário Mazda RX‑7 FD, com body-kit VeilSide, que estrelou com destaque na sequência Desafio em Tóquio (2006). O carro acaba de ser arrematado por impressionantes £911 mil — cerca de R$ 7 milhões — em um leilão da Bonhams, na Inglaterra.
Este RX‑7 FD laranja foi dirigido pelo personagem Han (Sung Kang) em diversas cenas estáticas e de destaque, a começar pela sequência de abertura, em que participa de uma “dança de acasalamento” com duas belas ocupantes de um Nissan Skyline GT-R (R33).
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Fonte: Jason Vogel
Para as filmagens, a Universal Studios contratou a preparadora japonesa VeilSide Co. Ltd., liderada por Hironao Yokomaku, para transformar o Mazda. Foi instalado um agressivo kit widebody chamado Fortune, que aumentou a largura do modelo em mais de 200 mm — restando apenas o teto e a tampa do porta-malas do desenho original. As rodas são Andrew Premier Series Racing Evolution 5 de 19″, com tala traseira de 12″, montadas em pneus Pirelli P Zero Nero.
Ao contrário de muitos carros de cinema, que sofrem danos nas filmagens, esse RX‑7 foi preservado com extremo cuidado, tanto mecanicamente quanto esteticamente. Preparado entre 2005 e 2006, foi usado principalmente em cenas estáticas e por dublês — e não nas sequências de drift. Estima-se que seja um dos apenas dois sobreviventes dos utilizados nas filmagens. Ao todo, cerca de 250 carros foram utilizados na produção: 25 foram cortados e mais de 80 destruídos.
Como era praticamente impossível obter as autorizações necessárias para filmar nas ruas de Tóquio, a equipe decidiu seguir em frente mesmo sem permissão. Justin Lin, o diretor, conta: “Eu queria filmar em Shibuya, que é o lugar mais lotado de Tóquio. Os policiais são tão educados que levam uns dez minutos para se aproximarem e pedirem que você vá embora.” Além disso, o estúdio havia contratado um “bode expiatório” para a produção: alguém que, ao ser abordado pela polícia, assumiu ser o diretor e passou a noite no xadrez em seu lugar. Outras cenas de ação foram filmadas na Califórnia.
Cinema verdade
A pintura é um laranja perolizado com detalhes em preto brilhante. O carro conserva várias marcações originais da produção da Universal, como o adesivo “#71 HAN” no cofre do motor e na base do para-brisa, além de marcas deixadas por suportes de câmera.

Coisa de cinema – o RX-7 com kit VeilSide leiloado na Inglaterra (11)
Foto de: Jason Vogel
Os bancos originais foram trocados por conchas da VeilSide, com estrutura em material composto. O acabamento combina fibra de carbono, alumínio, veludo, vinil e cromados. O visual é complementado por uma garrafa de NOS polida (hoje desconectada), montada sobre o túnel central. Um suporte de aço inox mantém o porta-malas aberto para exibir o sistema de som Alpine, com dois amplificadores e múltiplos alto-falantes. Para evitar um roteiro ao estilo de 60 Segundos, o Mazda tem ainda um rastreador.
Antes do leilão, o carro passou por uma restauração completa: embreagem nova, freios, suspensão coil-over e escapamento esportivo Blitz Nur‑Spec. O motor Wankel de dois rotores (e biturbo) foi revisado pela renomada RE‑Amemiya e mantém especificação próxima da original — cerca de 280 cv. O peso declarado é de pouco mais de 1.050 kg. Desde a preparação para o filme, o Mazda rodou apenas cerca de 8 mil quilômetros.

O RX-7 e o R33 GT-R na abertura de Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio (1)
Foto de: Jason Vogel
Aposentadoria tranquila
Após sua carreira cinematográfica, o RX‑7 foi adquirido em junho ou julho de 2008 diretamente da New Era Imports, empresa parceira da VeilSide e da Universal no projeto do filme. Desde então, ficou com um único proprietário no Reino Unido, com documentação completa que comprova sua autenticidade e uso nas filmagens. Bem preservado, rodou apenas em condições secas e raramente foi exibido — um verdadeiro tesouro escondido. Em abril de 2025, foi revisado pelos especialistas da Hayward Rotaries para garantir seu funcionamento.
Lançado originalmente em 1992, o RX‑7 FD (código FD3S) já tem status de lenda na cultura JDM (Japanese Domestic Market). Seu motor rotativo 13B‑REW biturbo rendia originalmente 255 cv e cerca de 30 kgfm de torque. A transmissão é manual de cinco marchas, com tração traseira. Com peso em torno de 1.250 kg e equilíbrio quase perfeito (50:50), o RX‑7 acelerava de 0 a 100 km/h em pouco mais de 5 segundos e chegava aos 250 km/h.
Não à toa, o RX‑7 FD conquistou os entusiastas do drift no Japão e no mundo. A combinação de tração traseira, chassi leve e equilíbrio dinâmico o tornou presença constante no D1 Grand Prix (categoria de drifting profissional criada no Japão em 2000). O FD3S é a escolha certa de preparadores como RE‑Amemiya e Pan Speed. Em Tokyo Drift, o RX‑7 de Han personifica a cultura underground japonesa das ruas, onde técnica, estilo e carisma valem tanto quanto potência bruta.