Renovado para a linha 2026, o Citroën C3 tenta reforçar as vendas. Para melhorar as chances do hatch lançado em 2022, a marca francesa escalou a versão XTR, que esteve presente na primeira geração do hatch, para tentar aumentar a sensação de aventureiro que a atual geração já possui. Mas será suficiente para conseguir encarar o líder da categoria, o VW Polo Track?
Aqui, comparamos as fichas técnicas de ambos, analisamos todos os detalhes do modelo mais vendido do país e também da linha renovada do modelo francês, para saber se ele consegue encarar o carro de passeio mais vendido do Brasil de igual para igual ou se sua briga é no andar inferior, mais próximo de Renault Kwid e Fiat Mobi.
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Logo de início, o preço mostra que Polo e C3 competem em faixas bastante próximas, tanto nos valores oficiais quanto nas ofertas anunciadas pelas próprias montadoras. O novo C3 XTR estreou no mercado por R$ 96.990, mas o preço praticado pela marca nas lojas é de R$ 88.990. Já o Polo Track parte de R$ 93.660, mas com as campanhas de IPI Zero e bônus de fábrica da Volkswagen, pode chegar a R$ 84.445.

Foto de: Citroën

Motor e câmbio
Tanto o Polo quanto o C3 utilizam motores 1.0 aspirados já conhecidos do público. No caso do Citroën, trata-se do Firefly, também presente em Fiat Mobi, Argo e Cronos, além do Peugeot 208. A Volkswagen, por sua vez, equipa a versão de entrada do Polo com o propulsor MPI, que surgiu por aqui no Up! e segue em uso em outros carros da marca, como o recém-lançado Tera.
O Polo leva pequena vantagem em potência, com 84 cv no etanol e 77 cv na gasolina. No torque, porém, fica abaixo, entregando 10,3 kgfm e 9,6 kgfm, respectivamente. A relação peso/potência é de 12,55 kg/cv. Já o C3 oferece 75 cv com etanol e 71 cv com gasolina, mas compensa com 10,7 kgfm de torque em ambos os combustíveis. Nesse caso, a relação peso/potência é de 13,95 kg/cv.

Foto de: Citroën
No desempenho, os dois seguem o padrão dos hatches com motorização aspirada, mas o Volkswagen se mostra ligeiramente mais ágil: acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 13,4 segundos, contra 14,1 segundos do modelo francês.
| Motor | Volkswagen Polo Track 1.0 MPI (aspirado) | Citroën C3 XTR 1.0 Firefly (aspirado) |
| Potência (etanol/gasolina) | 84 cv / 77 cv | 75 cv / 71 cv |
| Torque (etanol/gasolina) | 10,3 kgfm / 9,6 kgfm | 10,7 kgfm / 10,7 kgfm |
| Câmbio | Manual de 5 marchas | Manual de 5 marchas |
| Tração | Dianteira | Dianteira |
| Relação peso/potência | 12,55 kg/cv | 13,95 kg/cv |
| 0 a 100 km/h | 13,4 segundos | 14,1 segundos |
| Velocidade máxima | 169 km/h | 162 km/h |

Foto de: Citroën

Tamanho e proporções
Aqui, Polo e C3 deixam bem claro que são frutos de duas escolas de design diferente. O Volkswagen Polo Track adota linhas mais tradicionais de hatches compactos, com 4.079 mm de comprimento, 1.751 mm de largura e 1.471 mm de altura, além de entre-eixos de 2.566 mm. Construído sobre a base MQB, também presente nos carros mais refinados da marca, o modelo aposta em proporções baixas e vão livre reduzido. O porta-malas acomoda 300 litros.
O Citroën C3 XTR 2026 segue uma proposta oposta, marcada por carroceria mais alta e retilínea, que busca emular o visual de um pequeno SUV. Mede 3.981 mm de comprimento, 1.733 mm de largura e 1.605 mm de altura, com entre-eixos de 2.540 mm e porta-malas de 315 litros. Ele utiliza a plataforma CMP, a mesma aplicada a outros compactos da família C-Cubed e também aos Peugeot 208 e 2008. O visual aventureiro da versão XTR tenta reforçar esse discurso, ainda que sem aptidão real para o off-road, já que conta apenas com pneus de uso misto Pirelli Scorpion.

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Fonte: Citroën
| Medidas | Volkswagen Polo Track 1.0 MPI | Citroën C3 XTR 1.0 Firefly 2026 |
| Comprimento | 4.079 mm | 3.981 mm |
| Largura | 1.751 mm | 1.733 mm |
| Altura | 1.471 mm | 1.605 mm |
| Entre-eixos | 2.566 mm | 2.540 mm |
| Porta-malas | 300 litros | 315 litros |

Interior do Volkswagen Polo Track
Interior e equipamentos
O interior é onde o Polo mais evidencia sua idade, já que mudou muito pouco desde a chegada da atual geração, em 2017. Na versão básica Track, a proposta é de simplicidade quase no limite do aceitável, com foco em reduzir custos frente às demais versões.
Essa estratégia também se reflete nos equipamentos. A configuração é a única da linha baseada na plataforma MQB a não trazer painel de instrumentos digital. Os bancos são simples, em tecido e com encostos fixos, enquanto volante, portas e painel não possuem revestimento. Também não há vidros elétricos traseiros.

A lista de série inclui 4 airbags, ar-condicionado manual, direção elétrica, banco do motorista com ajuste de altura, volante com regulagem de altura e profundidade, bloqueio eletrônico de diferencial, assistente de partida em rampa, rodas de aço aro 15″ com calotas, rádio com Bluetooth, travas elétricas e vidros dianteiros elétricos. O único opcional é a central multimídia VW Play, oferecida por R$ 1.710.
O Citroën C3, por sua vez, passou por um processo de simplificação em relação à antiga geração, vendida até 2022. Para cortar custos, adota o mesmo painel utilizado nos irmãos Basalt e Aircross e é a única versão do hatch na linha 2026 a ter os comandos dos vidros elétricos traseiros reposicionados para as portas.

Na linha 2026, C3 ganhou pequenas melhorias no interior
Foto de: Citroën
A linha 2026 trouxe algumas correções para atender às críticas do público. Em versões mais equipadas, como a XTR, o C3 recebeu acabamento em material macio ao toque na porção central do painel e passou a contar com painel de instrumentos digital de 7”, herdado do Basalt, com tela colorida e conta-giros, além de ar-condicionado digital.
De série, a configuração aventureira traz airbags duplos frontais, soleiras de porta, acabamento do painel em tecido com costura verde, forros de porta revestidos, emblema XTR, rodas de liga leve aro 15” com pneus mistos Pirelli Scorpion ATR, retrovisores externos na cor Preto Perla, multimídia de 10” e volante multifuncional revestido em couro.


Ou seja…
O Citroën C3 XTR faz mais sentido para quem procura um hatch de apelo aventureiro, com posição de dirigir elevada e lista de equipamentos mais completa já de série. O Volkswagen Polo Track, por sua vez, segue a receita tradicional, com foco em dirigibilidade, posição de dirigir mais baixa e a vantagem de contar com uma ampla rede de concessionárias e facilidade de manutenção em regiões mais remotas, fatores ainda muito valorizados nesse segmento.
E, ao que indicam as vendas, esses atributos fazem toda a diferença. Em 2025, o C3 acumula 8.254 unidades entre janeiro e agosto, ocupando a 9ª posição no ranking de hatches compactos. No mesmo período, o Polo disparou na liderança com 83.065 emplacamentos – ainda que fortemente dependente de vendas diretas – mostrando de forma clara a preferência do consumidor nessa faixa de preço. Ainda assim, o C3 pode ser uma opção interessante para quem quer sair do óbvio, principalmente com os reforços em equipamentos e acabamento que a francesa promoveu na linha 2026 para a versão XTR.