Um incêndio em um BYD Dolphin chamou atenção no últo domingo (19/10), em Santa Maria (RS). O carro estava estacionado na Rua Dr. Bozano quando as chamas começaram. Moradores relataram que o proprietário improvisou uma forma de recarga usando uma extensão elétrica que vinha do segundo andar e, para evitar furtos, deixava o carregador portátil dentro do carro, com as janelas entreabertas.
O fogo se concentrou na cabine e não atingiu a bateria do veículo, que permaneceu intacta. O incêndio foi rapidamente controlado pelos bombeiros e por um civil com extintor.
De acordo com relatos locais, o carregador portátil estava sobre o banco traseiro, dentro de um carro fechado, o que pode ter causado o superaquecimento do equipamento. “Foi pura imprudência do rapaz”, relatou um morador e grupos de mensagens dos moradores. “Ele deixava o carregador preso por uma fresta, com o fio passando de uma janela para outra. Era certo que daria problema.”
Foto de: Reprodução
Improviso perigoso
Segundo Clemente Gauer, membro do conselho de diretores da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), a ocorrência não teve origem no veículo ou na bateria, mas sim na improvisação da recarga:
“Pelos relatos iniciais, a provável causa não foi o carro, mas o uso de uma extensão até a rua e o carregador portátil deixado confinado dentro do veículo. Esse arranjo aumenta o risco de aquecimento e curto-circuito — uma gambiarra que não deve ser replicada”, explica Gauer.
“A perícia técnica ainda vai confirmar a causa exata, mas é importante destacar: o fogo foi controlado rapidamente, e a bateria do Dolphin se manteve intacta. Isso reforça que veículos elétricos são seguros; o risco está no uso incorreto de equipamentos.”

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Bateria é mais segura do que se diz por aí
O BYD Dolphin é um hatch compacto elétrico produzido pela marca chinesa. O modelo utiliza bateria Blade, desenvolvida pela própria BYD e reconhecida mundialmente por seu alto nível de segurança, podendo passar por incêndios e perfurações sem entrar em combustão.
Com capacidade de 44,9 kWh e autonomia de até 291 km (ciclo INMETRO), o sistema é do tipo LFP (lítio-ferro-fosfato) — uma tecnologia que dispensa cobalto e é altamente resistente a calor e impactos, reduzindo drasticamente o risco de incêndios ou explosões.
O maior medo espalhado nas redes sociais com carros elétricos é a combustão da bateria que, dependendo de sua composição química, pode ser quase impossível de ser apagado. No entanto, este caso mostra que nem mesmo um incêndio na cabine do carro faz com que uma bateria LFP pegue fogo.
O que este caso ensina?
A ABVE reforça que a recarga de veículos elétricos precisa seguir normas técnicas e evitar improvisações.
“Normalizamos há décadas incêndios em veículos a combustão. Este caso mostra o contrário: os elétricos são seguros. O que precisa mudar é a infraestrutura de recarga. É fundamental ampliar o acesso a tomadas dedicadas, wallboxes fixos e instalações certificadas em condomínios”, afirma Gauer.
A associação recomenda:
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Nunca use extensões ou adaptadores para carregar o veículo;
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Instale um wallbox (carregador fixo) com circuito dedicado;
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Evite deixar carregadores portáteis dentro do carro durante o uso;
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Carregue sempre em local ventilado e fora do veículo;
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Peça laudo elétrico e siga as normas da ABNT.
“Recarga segura é recarga planejada. Nada de improviso”, resume o executivo.
Apesar do susto, o caso serve para esclarecer um dos maiores mitos sobre carros elétricos: baterias modernas são extremamente seguras e, quando instaladas corretamente, não representam risco de incêndio. Os vídeos que circulam nas redes mostram pequenos estouros, mas segundo a ABVE, são apenas os insufladores dos airbags, como ocorre em veículos a combustão. Com a popularização dos elétricos no Brasil, informação e infraestrutura são as chaves para evitar acidentes.
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