Porsche enfrenta problema de vendas com novas taxas nos EUA

A Porsche pode estar em uma confusão criada por ela mesma. As vendas da montadora alemã caíram  8,0% globalmente nos primeiros três meses de 2025. Embora as vendas dos SUVs Macan e Cayenne tenham aumentado nos Estados Unidos recentemente, os dois são fabricados fora daquele país e isso significa que, em breve, devem ficar mais caros graças ao tarifaço aplicado pelo atual governo do país. 

Segundo o Wall Street Journal, a fabricante se vê hoje em uma encruzilhada: continuar sendo uma marca de luxo tradicional, apostar de vez nos esportivos a combustão com preços elevados acima de US$ 250 mil (R$ 1,4 milhão) ou migrar para os elétricos de vez. A dificuldade é que sua linha mais vendida hoje nos EUA é justamente composta pelos dois SUVs com preço inferior a US$ 100 mil (R$ 567 mil), construídos com plataformas e componentes compartilhados com outros modelos bem mais baratos do Grupo Volkswagen.

A Porsche poderia evitar as tarifas sobre o Macan e o Cayenne fabricando-os nos Estados Unidos, mas parte do apelo e do prestígio da marca está em seu rótulo “Made in Germany”, um fator que o CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, admitiu em uma entrevista à Automotive News “é extremamente importante nos EUA”. Portanto, pode ser difícil para a marca simplesmente transferir a produção para os Estados Unidos se quiser manter seu apelo. 

Paradoxalmente, os EUA foram o mercado que mais cresceu para a marca: as vendas subiram 37% entre janeiro e março, impulsionadas justamente pelos utilitários. Já os números despencaram na Alemanha (-34%), China (-42%) e Europa como um todo (-10%).

Foto de: KGP Photography

O maior tombo veio com o Taycan, modelo 100% elétrico, cujas vendas caíram 49% no final de 2024. A Porsche atribui a queda tanto à transição para uma nova geração quanto à “adoção mais lenta do que o esperado da mobilidade elétrica”, o que não é uma boa notícia para os próximos Porsche 718 Cayman e Boxster, que devem ser totalmente elétricos.

O Taycan de entrada nos EUA custa a partir de US$ 102.550 (R$ 580.443) , oferecendo 402 cavalos de potência e um tempo de 0-100 de 4,5 segundos. O Hyundai Ioniq 5 N, por sua vez, tem 641 cavalos de potência, um tempo de 0-100 de 3,25 segundos e um preço inicial de US$ 67.675 (R$ 382.045). 

Foto de: Brian Silvestro / Motor1

Foto de: Brian Silvestro / Motor1

Inicialmente previstos para 2026, os novos 718 podem atrasar, os rumores indicam que o programa foi interrompido após a falência do fornecedor de baterias. Com isso, o novo modelo pode não chegar antes de 2027, criando um vácuo de até dois anos após o fim da produção da geração atual, prevista para o fim deste ano.

Com a ausência temporária do 718, o 911 pode acabar assumindo o posto de carro esportivo de entrada da Porsche — embora seu preço inicial, de US$ 129.950 (R$ 735.627) na linha 2026 nos EUA, torne esse “acesso” bem restrito. O Carrera 4 GTS já chega a US$ 178.850 (R$ 1.012.221), enquanto os futuros GT3 e GT2 devem passar dos US$ 230 mil (R$ 1,2 milhão).

Foto de: Chris Perkins / Motor1

O 911 GT3 2025, por exemplo, teve um aumento de US$ 53 mil (R$ 299.980) nos EUA em relação ao modelo anterior, chegando a US$ 224.495. O Cayenne 2025 também subiu de preço. Mas como disse Oliver Blume à Automotive News, “esses também são tempos desafiadores para a Porsche”, e a marca busca se tornar “ainda mais resiliente” em meio à concorrência crescente na China, à instabilidade política e a um mercado em constante transformação.