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Quais os carros clássicos que estão rodando 5.000 km na Amazônia?

Você é daqueles que fica tenso ao dirigir seu carro antigo até o encontrinho de fim de semana? Teme um enguiço e se apavora só de pensar em uma batidinha no trânsito? Se pudesse, compraria uma daquelas bolhas infláveis transparentes para guardar seu xodó sobre rodas? Quando o evento é na cidade vizinha, prefere ir de carro novo? E, se a viagem passa dos 500 km, só mesmo de avião?

Se a resposta a essas perguntas foi “sim”, você precisa conhecer o Amazon Adventure 2025, um rali-enduro internacional que está percorrendo o coração da Amazônia desde 3/10 e terá sua bandeirada final no próximo sábado, 25/10.

Organizada pela britânica Bespoke Rallies, a prova de 5 mil quilômetros passa por quatro países — Suriname, Guiana Francesa, Brasil e Guiana — ao longo de 22 dias de viagem por estradas demolidoras, cruzando incontáveis rios em balsas e navios, em regiões pouco frequentadas por turistas brasileiros.

O que mais impressiona, contudo, são os carros: entre os inscritos há dois Ford da década de 1930, três Mustang dos anos 1960 (hoje hipervalorizados no mercado de clássicos), um Porsche 911T, de 1973, e um Volvo 123 GT Amazon (justificando plenamente seu nome).

Também foram inscritos na prova alguns 4×4, com destaque para um curioso Volvo C303, ano 1975, de uma equipe suíça. Trata-se de um caixote sobre rodas que foi utilizado originalmente pelo exército sueco. Foram fabricados 8.718 exemplares entre 1974 e 1984 (alguns 6×6), sendo que cerca de 75% tiveram uso militar. Completando o comboio, há um Toyota Land Cruiser série J80, além de outros fora de estrada menos dignos de nota.



Volvo C303 1975 - Brasil

Foto de: Jason Vogel

Diante das fotos que ilustram esta reportagem, os “zés-frisinhos” certamente ficarão chocados com as cenas de clássicos na terra ou em postos de combustível no meio do nada (enchendo o tanque sabe-se lá com quê). Mas os gringos que participam dessa aventura nada têm de bobos. São, em sua maioria, gente que já fez muito dinheiro na vida e hoje pode se divertir participando de expedições em carros antigos pelo mundo.

Muito experientes, conhecem seus automóveis na intimidade e participam de várias provas do gênero. O Porsche amarelo, por exemplo, já percorreu a Panamericana, as estradas do Himalaia, a região do Mekong (no Sudeste Asiático) e a África, além de ter feito o famoso Pequim–Paris, na edição de 2019.

O lindo cupê Ford 1939 é outro veterano do Pequim–Paris, ficando com a segunda colocação em sua categoria na prova de 2025 (leia mais). Nessas aventuras, o cupêzinho com motor V8 flathead já deu a volta ao mundo umas tantas vezes.



Prada para cuidar do Ford 39 a caminho de Boa Vista (RO)

Parada para cuidar do Ford 39 a caminho de Boa Vista (RO)

Foto de: Jason Vogel

O robusto Volvo Amazon 1967, por sua vez, correu em maio deste ano o rali Japan Classic, prova que cruza de ponta a ponta as ilhas de Honshu e Hokkaido, no arquipélago japonês. Enfim: os tripulantes sabem o limite de seus carros e os usam intensamente há décadas. E que ninguém venha dar palpites.

A Bespoke é uma das empresas que organizam ralis e expedições de automóveis clássicos e antigos ao redor do planeta — outras companhias renomadas do ramo são a Endurance Rally Association (ERA) e a Classic Rallies, que volta e meia promovem eventos em paragens tão distantes da Europa quanto a Mongólia ou o Butão.

Mas voltemos ao nosso rali Amazon Adventure. Segundo os organizadores, o objetivo é promover o espírito de exploração e camaradagem entre os participantes, com suporte mecânico e médico ao longo do trajeto (muitas vezes, porém, são as oficinas de beira de estrada que salvam). O pacote completo para dois participantes e um carro custa cerca de £23.750 (aproximadamente R$ 170 mil). E, além de cacife, ainda é preciso ter muitos dias livres para participar — daí o tanto de “coroas” semiaposentados que entram nessas aventuras.



Uma visita ao Teatro Amazonas - Manaus (AM)

Uma visita ao Teatro Amazonas – Manaus (AM)

Foto de: Jason Vogel

Das Guianas ao Brasil profundo

A largada aconteceu em 5 de outubro, em Paramaribo, capital do Suriname. Dali, os carros seguiram rumo ao interior do país e cruzaram a fronteira com a Guiana Francesa, onde o grupo visitou as instalações da Agência Espacial Europeia (ESA) em Kourou.

No dia 7, o comboio entrou no Brasil pela cidade de Oiapoque (AP), atravessando a Ponte Binacional Franco-Brasileira — construída entre 2008 e 2011, essa estrutura substituiu a antiga travessia por balsa entre os dois países. Os carros percorreram então 580 km pela BR-156 até chegar a Macapá, capital do estado e ponto em que o trajeto cruza a Linha do Equador.

Entre 9 e 10 de outubro, os participantes embarcaram no navio Bruno, que navega pelo Rio Amazonas entre Macapá e Santarém (PA). A travessia de dois dias foi um dos pontos altos do roteiro, por permitir observar a vida ribeirinha e as comunidades que dependem diretamente do rio.

De Santarém em diante começou o trecho mais desafiador. A rota acompanhou o curso do Rio Tapajós, serpenteando por estradas parcialmente pavimentadas e longos trechos de terra batida. O comboio passou por Itaituba (PA), Jacareacanga (PA), Apuí (AM), Humaitá (AM) e Tupana (AM), percorrendo quase 2 mil quilômetros de vias amazônicas — parte delas pertencentes à Transamazônica (BR-230) e outra à rodovia Manaus–Porto Velho (BR-319).



Este Porsche 911T, de 1973, já fez ralis em 4 continentes - Humaitá (AM)

Este Porsche 911T, de 1973, já fez ralis em 4 continentes – Humaitá (AM)

Foto de: Jason Vogel

No coração da floresta

Os participantes passaram duas noites no Tupana Lodge, às margens do Rio Tupana, onde aproveitaram para descansar, fazer pequenas expedições fluviais e observar a fauna local — incluindo botos-cor-de-rosa, ariranhas e araras. De lá, o comboio seguiu para Manaus (AM), cidade cheia de história.

Após um dia de pausa para manutenção dos veículos, a rota continuou rumo ao norte, pela BR-174, passando por uma transição gradual da densa floresta amazônica para a vegetação de savana. O objetivo era Boa Vista (RR) e, posteriormente, cruzar a fronteira com a Guiana.



Guiana Francesa - clássicos na balsa

Guiana Francesa – clássicos na balsa

Foto de: Jason Vogel

A parte final

Quando escrevemos esta reportagem, em 21/10, os participantes já estavam em território guianense, visitando a Iwokrama River Lodge, uma das principais reservas ambientais do país, antes de seguir para Georgetown, a capital. O grupo então retornará ao Suriname, encerrando a jornada novamente em Paramaribo.

Ao longo de 22 dias, o Amazon Adventure 2025 vem combinando aventura, resistência mecânica e contato direto com a Amazônia. Embora não seja uma competição de velocidade, o desafio está nas estradas irregulares, na umidade extrema e na necessidade de autossuficiência em trechos de centenas de quilômetros sem apoio. É uma prova que junta história, geografia e resistência em plena floresta tropical.

E aí… deu vontade de sair do sofá e conhecer esse pedaço da América do Sul?

Em novembro do ano que vem, a mesma Bespoke promoverá o The Grand Prix of South America 2026, um rali-endurance de 11 mil quilômetros e 30 dias, entre Montevidéu (Uruguai) e Cartagena (Colômbia). O percurso reviverá vários trechos do Gran Premio de la América del Sur del TC, de 1948, mais conhecido como La Buenos Aires–Caracas — uma das provas mais extensas da história do automobilismo esportivo, vencida pelo argentino Domingo Marimón.

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