Apesar de já usar a campanha de marketing “feito por brasileiros para brasileiros”, a BYD ainda não começou a produzir em sua fábrica de Camaçari (BA) e ainda briga com o Governo Federal para ter incentivos antes disso acontecer. A empresa pediu uma redução das tarifas de importação de kits de veículos em CKD e SKD de 18 a 20% para 5 e 10%, o que desagradou quem já está instalado no país.
No dia 15 de julho, uma carta foi encaminhada ao Presidente Lula, assinada por Ciro Possobom (CEO e Presidente da VW do Brasil), Evandro Maggio (Presidente da Toyota do Brasil), Emanuelle Cappellano (COO da Stellantis South America) e Santiago Chamorro (Presidente da GM South America). Nela, os executivos defendem que, se aprovada tal redução para a BYD, prejudicará a indústria nacional.
“Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível de geração de empregos”
A carta defende que tal processo de apenas montagem de kits pode ganhar mais adeptos na indústria e prejudicar não só a competitividade, mas também empregos diretos e indiretos na indústria, inclusive de autopeças. Ao mesmo tempo, colocam os investimentos de R$ 180 bilhões já programados em dúvida caso tal competição desigual realmente aconteça – são R$ 130 bi em desenvolvimento e produção de novos veículos e R$ 50 bi em fornecedores. Veja a carta na íntegra abaixo.
Não é de hoje que montadoras procuram a igualdade com as chinesas, principalmente a BYD, que importou milhares de carros antes do aumento de impostos e ainda não começou a operar sua fábrica de Camaçari (BA), alvo de diversas investigações sobre a condição de trabalho na construção, principalmente de trabalhadores chineses.
A BYD promete começar a operação da fábrica na Bahia “nas próximas semanas” em regime SKD. Em um acordo com o governo local, após cerca de 1 ano desse regime, começa o processo de nacionalização de componentes de forma gradativa.
Stellantis, VW, GM e Toyota já anunciaram investimentos no Brasil nos últimos meses, com novos produtos e ampliação da produção local, inclusive de sistemas híbridos e eletrificados, e já estão instaladas no país com diversas plantas em vários estados.