Se você já passou pelo longo e burocrático processo de tirar a habilitação, provavelmente ouviu o clássico conselho: nunca use o celular enquanto dirige. Faz sentido — afinal, ele tira completamente sua atenção da estrada. Mas, em algum momento da última década, os fabricantes de carros acharam que seria uma ideia brilhante transformar os painéis em tablets gigantes, praticamente extinguindo os bons e velhos botões físicos.
Mas a Hyundai merece elogios. Eles reconheceram que o excesso de dependência da tela realmente faz com que alguns motoristas se sintam “estressados e irritados”. Por isso, está tentando preservar os controles táteis onde eles ainda fazem sentido. Nem tudo vai ter um botão, é verdade, mas as funções mais usadas seguirão acessíveis do jeito tradicional. A declaração veio do vice-presidente sênior de design da marca, Simon Loasby.
Foto de: Motor1 Brasil
Hyundai ainda aposta forte em botões físicos, caso do SUV Creta
Em entrevista à Autocar, Loasby explicou que os interiores do futuro devem ser pensados com uma premissa básica: manter os olhos do motorista na estrada. Ele foi ainda mais direto: “Você realmente não quer que as pessoas olhem para a tela. Você quer que elas olhem na altura dos olhos”. A boa e velha memória muscular ajudaria a ajustar o ar-condicionado sem transformar o ato de dirigir num reality de sobrevivência.
Em uma nota que não surpreende ninguém, o chefe de design da Hyundai, Luc Donckerwolke, acabou admitindo o que todo mundo já desconfiava: as telas gigantes são, na prática, uma maneira elegante de cortar custos. Segundo ele, os sistemas multimídia modernos “são ideais porque você economiza muito na parte elétrica ao usar só a tela”.

Foto de: Hyundai
Sistema Pleos Connect, apresentado recentemente, funciona como nos Tesla e equipará elétricos da Hyundai
Ainda assim, a Hyundai reconhece que existe “um apego emocional à interação analógica”. A missão, portanto, é encontrar um equilíbrio entre o digital e o físico — sem tornar o simples ato de aumentar o volume ou mudar a temperatura um teste de paciência.
Por mais que Donckerwolke aposte num futuro com menos telas e mais botões, a prática da Hyundai ainda sugere outra direção. No mês passado, a marca revelou sua nova plataforma de software integrada — o Pleos Connect — que vai do sistema da multimídia à nuvem e ao próprio sistema operacional do veículo. O funcionamento? Praticamente idêntico ao dos carros da Tesla.

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Fonte: Hyundai
Abaixo da central havia uma fileira de botões em branco, indicando que ainda pode haver algum espaço para interação física. Esses botões devem ganhar função real a partir de 2026, quando os primeiros modelos com Android Automotive de série chegarem às ruas.
A expectativa é que mais de 20 milhões de veículos da marca estejam equipados com esse sistema até 2030. Esperamos que outras montadoras sigam o exemplo da Hyundai — ou pelo menos repensem se a economia vale a pena no lugar da ergonomia e da segurança.