Apesar do avanço dos veículos elétricos nos últimos anos, a Toyota segue apostando no hidrogênio como combustível do futuro. Em entrevista ao Car Expert da Austrália, Sean Hanley, vice-presidente de vendas, marketing e operações da Toyota no país, afirmou que os motores a hidrogênio podem inclusive substituir o diesel nas próximas décadas.
“O diesel não vai desaparecer na próxima década, mas acredito que o hidrogênio vai superá-lo. A longo prazo, não consigo imaginar o diesel sendo um combustível do futuro”, declarou Hanley. Segundo ele, embora “as pessoas estejam menosprezando o hidrogênio” neste momento, a tecnologia tem potencial para se tornar dominante em aplicações onde os elétricos ainda enfrentam limitações, especialmente no transporte pesado.
Toyota Hilux movida a hidrogênio
Hanley reconheceu, porém, que a infraestrutura ainda é o maior obstáculo. A Austrália, segundo ele, precisaria investir fortemente em postos de abastecimento para que a adoção ganhe escala. O executivo também criticou a visão de que o hidrogênio está sendo “menosprezado” em relação aos elétricos a bateria.

Aposta antiga
A Toyota acumula 30 anos de experiência com células a combustível e foi pioneira ao lançar em 2014 o Mirai, primeiro veículo a hidrogênio produzido em série. Mas a história da tecnologia é ainda mais longa: em 1966, a General Motors apresentou o Electrovan, considerado o primeiro carro movido por célula de combustível, criado a partir de pesquisas iniciadas dois anos antes e em paralelo ao uso do hidrogênio pela NASA no programa Apollo.
Hoje, outras montadoras exploram caminhos diferentes. A BMW anunciou que colocará sua nova geração de células de combustível em produção em 2028, enquanto a Stellantis tem posição oposta e classifica o hidrogênio como um “segmento de nicho”.

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Fonte: Motor1.com
Quem mais vem se destacando nessa frente é a coreana Hyundai. Desde 2018, a marca oferece em alguns mercados o Nexo, SUV que utiliza hidrogênio para gerar eletricidade por meio de uma reação eletroquímica nas células de combustível. O processo libera apenas vapor d’água pelo escape e ainda filtra o ar atmosférico antes da reação – em dez vezes – devolvendo à atmosfera uma qualidade de ar mais limpa do que a captada.
A Toyota, mesmo diante das dificuldades de implantação, segue convicta. Para a montadora japonesa, o hidrogênio ainda tem espaço para crescer e poderá, no longo prazo, ocupar o lugar que hoje pertence ao diesel. Ainda assim, a tecnologia de célula de combustível carece de mais estudos e investimentos antes de alcançar maior escala.