Não é de hoje que a Nissan ensaia o retorno ao segmento de SUVs mais robustos e voltados ao fora-de-estrada. Desde que encerrou a produção do X-terra, a marca viu rivais como o Ford Bronco Sport ocuparem espaço em mercados como o norte-americano e até no Brasil. Essa ausência, porém, tem prazo para acabar: a fabricante confirmou que uma nova geração do modelo está em desenvolvimento e será lançada até 2028.
A informação veio do Automotive News, que acompanhou uma conferência de revendedores realizada em Las Vegas no último dia 20 de agosto. No encontro, o presidente da Nissan nos Estados Unidos, Christian Meunier, declarou a 2.500 concessionários que o projeto ainda está nos estágios iniciais, mas que o foco em produto voltou a ser prioridade.
“Fizemos um trabalho melhor de planejamento, garantindo que os carros certos estejam no lugar certo”, afirmou.
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Fonte: Thomas Tironi
Na parte técnica, a Nissan já admite que o futuro X-terra deverá trazer um sistema híbrido baseado em um motor V6 a gasolina. Há possibilidade de adotar a tecnologia e-POWER, com extensor de autonomia a combustão para permitir propulsão totalmente elétrica em alguns momentos, algo que o aproximaria de rivais como os Jeep Wrangler e Grand Cherokee, que já oferecem versões híbridas plug-in 4xe.
A produção será na planta de Canton, no Mississippi (EUA), a mesma onde hoje sai a picape Frontier. Isso aumenta as chances de o novo X-terra retomar a tradicional base de carroceria sobre chassi, repetindo a fórmula das gerações dos anos 2000. Para o diretor de marketing da Nissan Américas, Vinay Shahani, o retorno tem valor simbólico:
“Olho ao redor e vejo outras marcas entrando nesse espaço, sinto que esse é o nosso lugar de direito. O X-terra é um veículo icônico e, quando o adicionamos à linha que temos hoje, ele nos completa”.
O movimento faz parte da nova ofensiva global da Nissan, que tenta recuperar espaço após anos de instabilidade. Depois de fracassar em negociações de fusão com a Honda no início deste ano, a marca japonesa acelerou o desenvolvimento de novos produtos. Entre eles estão híbridos para o mercado norte-americano e até a transformação do Leaf em um SUV totalmente elétrico.

Foto de: Thomas Tironi
X-terra já foi brasileiro
No Brasil, a trajetória do X-terra também guarda importância histórica. Foi ao lado da Frontier que o SUV inaugurou a linha de produção da Nissan no país, ainda em parceria com a Renault, na fábrica de São José dos Pinhais (PR).
Entre 2002 e 2007, o utilitário foi oferecido como alternativa a modelos com carroceria sob chassi, como Chevrolet Blazer, Mitsubishi Pajero e Toyota SW4. Suas vendas, no entanto, ficaram longe das líderes do segmento. Em 2004, por exemplo, a Fenabrave registrou apenas 1.104 unidades do Xterra, contra 7.673 Pajero e 3.001 Blazer.

Foto de: Thomas Tironi

Foto de: Thomas Tironi
Produzido a partir de junho de 2003, o SUV utilizava motor turbodiesel MWM Sprint 2.8 de quatro cilindros, com 132 cv e 34,6 kgfm de torque a 1.800 rpm. Em 2006, o propulsor ganhou injeção eletrônica common rail e passou a entregar 140 cv, mantendo o mesmo torque em rotações mais baixas.
Apesar do desempenho modesto em vendas, o X-terra ajudou a consolidar a presença industrial da Nissan no Brasil e deixou uma base de fãs que até hoje lembram do modelo como um dos poucos SUVs médios nacionais com verdadeira vocação fora de estrada.