Após meses de imbróglio no ano passado que pareciam estar resolvidos, parece que o Grupo Volkswagen voltou a ter problemas quanto ao rumo do seu hatch mais vendido na história, o Golf. Segundo os últimos rumores, a esperada nova geração elétrica do modelo, a nona e chamada informalmente de ID.Golf, pode demorar mais do que se imaginava.
Segundo a Bloomberg, que teria conversado com pessoas de alto cargo dentro da empresa, a VW não teria dinheiro no momento para modernizar a fábrica de Wolfsburg, na Alemanha, considerada a mais importante do grupo. Como resultado, a despesa entrará em um novo “período de gastos” e deve atrasar o lançamento do hatch eletrificado em pelo menos nove meses.
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Fonte: Motor1 Brasil
O atraso também atingiu o T-Roc elétrico, que deveria ser produzido na mesma planta logo após o novo Golf. O SUV, que foi concebido para ter sempre algum tipo de eletrificação, agora tem o cronograma comprometido em sua opção movida apenas por baterias e não deve ser lançado na data inicialmente prevista.

Foto de: Motor1 Brasil
Golf no México vira dúvida
Os atrasos na modernização de Wolfsburg colocam em xeque a estratégia de levar a produção do Golf para Puebla, no México, a partir de 2027. O plano era liberar espaço na Alemanha para a nova linha de elétricos, mas a atual geração pode acabar esticando sua permanência na fábrica alemã.
Essa transferência, inclusive, poderia mudar a vida do Golf MK8 no mercado brasileiro. Como Brasil e México mantêm acordo de livre-comércio, a Volkswagen teria mais facilidade para trazer o hatch ao país com maior disponibilidade e até em versões além da GTI. Com os planos de modernização atrasados, no entanto, essa possibilidade sobe no telhado.

Foto de: Motor1 Brasil
A nona geração do hatch será um dos primeiros modelos a adotar a plataforma SSP, desenvolvida para carros elétricos, mas ainda com espaço para soluções híbridas e extensores de autonomia. Há alguns meses, a Volkswagen firmou uma parceria com a Rivian para dar ao Golf um caráter cada vez mais definido por software como forma de aposta para tentar manter o modelo competitivo no velho continente.
Mesmo com essa passagem de bastão, o Mk8 deve seguir em produção por vários anos. A própria montadora admite que a atual geração pode permanecer em linha até a próxima década, dependendo da revisão da União Europeia sobre a venda de carros a combustão a partir de 2035. A decisão será reavaliada ainda este ano e há pressão das fabricantes para manter híbridos plug-in e elétricos com extensor de alcance no jogo.

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Vendas do Golf já não são como antes
Enquanto as discussões avançam, o mercado europeu já mostra sinais de mudança. Dados da ACEA indicam que os elétricos representaram 17,4% das vendas de automóveis no continente até julho, contra 13,8% no mesmo período do ano passado. A chegada de modelos mais acessíveis, como o ID.Polo e o futuro ID.1 (que pode se chamar ID.Up), deve estimular ainda mais essa participação.
O Golf, que já foi símbolo praticamente um cheque em branco para Volkswagen há algum tempo, vem perde espaço ano após ano. Documentos internos citados pela Reuters apontam que a produção caiu de mais de um milhão de unidades em 2015 para pouco acima de 300 mil em 2024. Neste ano, aliás, a projeção é de cerca de 250 mil carros.
A queda não se explica apenas pela concorrência externa, já que o SUV T-Roc, desenvolvido como um derivado do Golf, tem absorvido parte relevante da procura que antes se concentrava no hatch e na perua.
Fonte:
Automotive News Europe